Ponte desmorona após ser atingida por navio nos EUA; equipes procuram 20 pessoas na água

Câmera flagrou ponte desmoronando após ser atingida por navio nos Estados Unidos — Foto: Reprodução

Uma ponte desmoronou depois de ser atingida por um navio cargueiro na cidade de Baltimore, em Maryland, nos Estados Unidos. O acidente aconteceu durante a madrugada desta terça-feira (26) e foi flagrado por uma câmera de monitoramento. 

Os bombeiros informaram que estão fazendo buscas por pelo menos 20 pessoas que teriam caído no rio. As autoridades afirmaram que vários veículos que trafegavam pela ponte Francis Scott Key caíram na água, e ainda não se sabe o número exato de pessoas que estão na água.

“Nosso foco agora é tentar resgatar e recuperar essas pessoas. É uma emergência terrível”, afirmou o diretor de comunicação do Corpo de Bombeiros de Baltimore, Kevin Cartwright, à AP.

Equipes de resgate correm contra o tempo. As condições no local são de baixa visibilidade, e a temperatura em Baltimore nesta madrugada é de cerca de -1ºC, de acordo com a rede americana CNN. A temperatura da água é de cerca de 9ºC — capaz de provocar morte por hipotermia.

Ponte Francis Scott Key, em Baltimore, é destruída após navio colidir com a estrutura — Foto: Harford County MD Fire & EMS/ via Reuters
Ponte Francis Scott Key, em Baltimore, é destruída após navio colidir com a estrutura — Foto: Harford County MD Fire & EMS/ via Reuters

Segundo o jornal “The New York Times”, o navio envolvido no acidente é um porta-contêiner com bandeira de Singapura e tinha como destino o Sri Lanka.

O cargueiro, batizado de Dali, tem 300 metros de comprimento e 48 de largura, de acordo com o site MarineTraffic.

Para facilitar o trabalho dos bombeiros, a Autoridade de Transporte de Maryland bloqueou todas as vias na região da ponte Francis Scott Key — uma importante ligação entre dois pontos da cidade, cruzando o Rio Patapsco.

O governador de Maryland, Wes Moore, declarou estado de emergência. O secretário de Transporte dos EUA, Pete Buttigieg, disse que está em contato com o governador e com o prefeito de Baltimore, Brandon M. Scott.

Câmera flagrou ponte desmoronando após ser atingida por navio nos Estados Unidos — Foto: Reprodução

Ponte Fancis Scott Key

Inaugurada em 1977, a ponte tem quase 3 quilômetros de extensão. A estrutura também conta com uma ponte elevadiça e fica próxima ao porto de Baltimore.

A ponte leva o nome do autor do poema que deu origem ao hino dos Estados Unidos. Segundo estudiosos, Francis Scott Key escreveu os versos após presenciar o bombardeio do Forte McHenry, em 1814, na região de Baltimore.

Imagem de arquivo mostra navio cargueiro passando por baixo da ponte Francis Scott Key, em Baltimore — Foto: Brendan Smialowski / AFP

Confira vídeo abaixo!

O mistério pascal

Padre João Medeiros Filho

Eis-nos novamente prestes a celebrar o grande mistério do cristianismo: a Páscoa do Senhor. O tríduo pascal começa após a Última Ceia, na qual Cristo, na grandeza de seu amor, foi entregue para salvação dos homens. Somos convidados a meditar sobre seu sofrimento, decorrente de um julgamento injusto e apressado, culminando com sua condenação. Foitorturado, escarnecido e finalmente crucificado fora das portas da cidade, em suplício reservado a bandidos e marginais. Depois disso, houve um tempo feito de ausência e silêncio, resultando na celebração da vitória desua Ressurreição. Festa de alegria e vida em plenitude. A liturgia é permeada de aleluias e cânticos de louvor, aclamando Aquele que venceu a morte e nos faz renascer.

Mas, o júbilo da Ressurreição teve um preçoimensurável: a trajetória de um inocente vilmente traído. Entretanto, no gesto de Cristo, Deus proclama ao mundo que o amor é mais forte do que a morte (Ct 8, 6). Elelevou Jesus à Cruz, na qual fez a entrega de si mesmo, numa doação desinteressada à humanidade. Assumiu a perseguição e a rejeição, até perder a vida para que outros pudessem tê-la. Os primeiros cristãos – no deslumbramento de encontrar vivo Aquele a quem haviam contemplado morto começaram a compreender o sentido e narrar a Paixão do Filho de Deus. O seguimento a Jesus de Nazaré, designado pelas igrejas orientais como o Senhor Exaltado, foi sendo compreendido como uma experiência de paz e alegria. Porém, nela a dor não está ausente ou esquecida.

Se algo mais pode ser dito a respeito de Cristo: Ele era um apaixonado pelo ser humano. Daí nasce o sentido de sua Encarnação, a inspiração de suas palavras. Pela força desse sentimento curou doentes, possessos e ressuscitou mortos. Por ela impulsionado, acolheu os gestos de gratidão de uma pecadora, do publicano que lhe ofereceu hospedagem, do leproso que quis tocá-lo, da samaritana que Lhe deu água para beber e fez perguntas. E ainda obedecendo ao amor pelo Pai e pelos homens,começou a caminhar em direção a Jerusalém, seguido porduvidosos e apavorados discípulos que nada entendiam de seu padecer. Chegando à cidade onde morreram tantos profetas, Jesus chorou. Derramou lágrimas de sentidacompaixão, as quais nada tinham de autocomiseração pelo destino que o aguardava. Sentia uma visceral tristeza por não ter conseguido reunir em seu misericordioso regaço “as ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 10, 6). E ali, a fidelidade de Jesus – pelo Pai, pelo Reino e por aqueles que Deus Lhe dera – converte-se na liturgia da agonia emorte, consumada no Gólgota.

Viver a Semana Santa é aceitar o convite para apaixonar-se. Ela apresenta-se como uma estrada cheia de luz, que se descortina no Mistério Pascal. Iluminado será também o caminho de quem busca a Vida. Apesar do sacrifício por ninguém imaginado, dá-se o percurso da doação. Na mística cristã, se não há algo pelo qual nos encantamos, não valerá a pena viver. Terá sentido uma vida que se resume à parca moral, raquíticos prazeres, insípida segurança, solitárias sensações? O exemplo de Jesus ensina que se apaixonar por Deus é a única maneira de viver em plenitude”, escreveu Edith Stein.

A alegria pascal que se segue ao sofrimento da Cruz é real. Mas, só acontece se não houver recusa ou negação do padecimento, inclusive daquele que se abate sobre os irmãos. Quem segue Cristo Ressuscitado, já não vive para si, mas para Ele. A euforia autêntica da Páscoa deve recordarnos que somos discípulos de um Deus: Cristo. Foi condenado à morte, crucificado pelos que odiavam a verdade e eram apegados a privilégios. O seguidor de Jesus é aquele que se encanta pelo Evangelho em seus sons e tons de Verdade, Paz, Justiça... Ao segui-Lo, alguma porção de responsabilidade participativa na dor dopróximo nos está reservada. Assim agiu Cristo. Cabe-nosesperar por Deus pronunciando sobre nós a palavra definitiva da Vida que não morre. O Espírito derramará em nossos corações a alegria imorredoura que jorrou na noite gloriosa e fulgurante, em que o Messias venceu a morte e se manifestou vitorioso aos seus. “Onde está, ó morte, a tua vitória?” (1Cor 15, 55).