Com missa para a eleição do papa na Basílica de São Pedro começa o Conclave

Missa para eleição do novo papa.
Foto: DILKOFF / AFP

Do lado de fora da Basílica de São Pedro, uma praça blindada pelas forças de ordem. Dentro, os corredores de mármore foram tomados pelas vozes angelicais do coro da Capela Sistina, embalado pelo som grave do órgão. Às 10h (horário local), começou a missa para a eleição do Pontífice Romano, celebração que inicia o conclave.

O que aconteceu
Durante a oração dos fiéis, seis línguas foram utilizadas, entre elas o português. A missa foi presidida pelo decano do Colégio Cardinalício, Giovanni Battista Re, e concelebrada pelos cardeais eleitores. Participaram também os cardeais não eleitores, compondo um dos ritos mais solenes da Igreja Católica.

Estiveram presentes cerca de 5 mil pessoas. A missa antecede a entrada dos 133 cardeais eleitores na Capela Paulina às 16h15. Da Paulina, seguirão em procissão até a Capela Sistina, cantando o hino Veni Creator Spiritus para invocar a descida do Espírito Santo.

A primeira fumaça é esperada para às 19h (horário local). Uma vez que todos os cardeais tiverem entrado na capela, o Mestre das Celebrações Litúrgicas, monsenhor Diego Ravelli, pronunciará o Extra Omnes: significa “todos para fora” e todas as pessoas que não participam do Conclave serão retiradas, dando início às votações.

Cardeal Giovanni Battista Re destacou a gravidade e a esperança que marcam esse momento decisivo para a Igreja. Inspirado nos atos dos apóstolos, ele comparou o período que antecede o Conclave ao tempo em que os primeiros cristãos, com Maria, mãe de Jesus, esperavam unidos o Espírito Santo. “Sentimos unido a nós todo o povo de Deus com seu sentido de fé, de amor ao papa e de esperança confiante”, afirmou.

O cardeal recordou que o futuro papa deverá ser eleito com base apenas na busca pelo bem da Igreja e da humanidade. “Toda consideração pessoal deve ser deixada de lado, tendo na mente e no coração somente o Deus de Jesus Cristo”, afirmou, ressaltando que o gesto de escolher o novo pontífice exige não apenas discernimento, mas também uma entrega total à ação do Espírito Santo.

“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Comentando o evangelho do dia, Battista Re sublinhou o mandamento do amor deixado por Cristo. Segundo ele, esse amor sem limites deve guiar tanto a vida dos fiéis quanto a missão do futuro papa, que deverá ser exemplo de serviço, comunhão e fraternidade.

A homilia evocou ainda o gesto de humildade de Jesus ao lavar os pés dos discípulos, inclusive de Judas, como modelo de liderança e entrega total. “A qualidade fundamental dos Pastores é o amor até a doação completa de si mesmo”, disse o cardeal, ligando a mensagem ao chamado à construção de uma “civilização do amor”, expressão cunhada por Paulo VI.

A unidade da Igreja também foi tema central. Giovanni Battista Re lembrou que a eleição de um novo papa não se trata de mera substituição, mas da continuidade da missão de Pedro. “Cada papa continua a encarnar Pedro e sua missão e assim representa Cristo na terra”, afirmou.

Ao falar sobre o momento da votação, que ocorrerá na Capela Sistina, Battista Re evocou o Tríptico Romano de João Paulo II, destacando a imagem de Cristo Juiz pintada por Michelangelo. “Ela recorda a cada cardeal a grandeza da responsabilidade de colocar as ‘sumas chaves’ nas mãos certas”, disse.

A celebração terminou com um apelo à oração e à confiança no Espírito Santo para que inspire os cardeais eleitores. “Rezemos para que Deus conceda à Igreja o Papa que melhor possa despertar as consciências de todos e as energias morais e espirituais na sociedade atual”, concluiu o decano, pedindo também a intercessão da Virgem Maria para guiar o processo decisivo que se inicia.

Com a missa para a eleição do papa, a Igreja entra agora oficialmente no tempo de espera e oração até que a fumaça branca anuncie ao mundo: Habemus Papam.

 

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