Dois homens são assassinados na Zona Norte de Natal em menos de uma hora

Foto: Ranilson Oliveira/TV Ponta Negra

Dois homens foram assassinados com um intervalo de menos de uma hora, no final da tarde desta-sexta-feira (06), na zona Norte de Natal.

O primeiro crime ocorreu no conjunto Vale Dourado, onde um homem ainda não identificado foi morto com vários tiros. De acordo com informação apuradas pela equipe de reportagem da TV Ponta Negra, o homem estava bebendo com amigos em um bar na rua Eucaliptos, quando foi abordado por dois criminosos que efetuaram vários tiros contra a vítima que morreu no local.

O outro crime ocorreu em menos de uma hora depois. Um homem também não identificado estava conversando com familiares em frente a um residência no bairro da Guarita, quando dois homens se aproximaram e efetuar diversos tiros. A Vítima também não resistiu e morreu no local.

Os  dois crimes serão investigados pela Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP).

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Moradores de Bela Parnamirim ganham nova UBS

Foto: Ney Douglas

Mais saúde para a nossa população. Os moradores do bairro de Bela Parnamirim ganharam nessa quinta-feira (5), uma nova Unidade Básica de Saúde (UBS), totalmente equipada e pronta para acolher o cidadão. O prefeito Rosano Taveira, acompanhado de autoridades, inaugurou o novo equipamento, que atende em média 11 mil usuários.

“Esta era uma obra muito esperada pela população de Bela Parnamirim. Estamos proporcionando dignidade para aqueles que buscam o sistema público de saúde”, destacou Taveira, que na oportunidade anunciou ainda a inauguração do novo Cras no bairro, além do início de obras importantes como a pavimentação de ruas e a construção de duas novas praças.

Foto: Ney Douglas

A nova unidade, leva o nome de Maria Risalva Cruz, importante figura na história da administração pública municipal. O espaço conta com três consultórios médicos, três salas de enfermagem e mais três de odontologia, além de amplas salas de reunião, espaço dos agentes de saúde, sala de regulação, recepção ampla e climatizada, farmácia para entrega de medicamentos gratuitos aos usuários e demais setores comuns a todas as UBSs.

Assessoria de Comunicação de Parnamirim – ASCOM (Saulo Tarso)
Foto: Ney Douglas

Comissão de Finanças vistoria obras da Avenida Felizardo Moura

Câmara Municipal de Natal  – Foto: Cláudio Oliveira

Nesta sexta-feira (6), a Comissão de Finanças da Câmara Municipal de Natal realizaram uma vistoria na obra de requalificação da Avenida Felizardo Moura, na zona Oeste de Natal.

O presidente da comissão, vereador Raniere Barbosa (Sem Partido), explicou que a ideia foi cobrar explicações tanto em relação às falhas no asfalto, quanto à falta de fiscalização quanto a outros problemas verificados. “Observamos ocupações irregulares nas margens da pista, postes pichados, calçadas ocupadas. Também queremos saber como será a sinalização e quando será entregue, se há projeto de paisagismo, tudo para que essa obra seja entregue com toda a qualidade e resolutividade”, declarou.

Os vereadores Nivaldo Bacural (PSB) e Anderson Lopes (PSDB) também estiveram no local. Segundo Anderson, a visita foi motivada por denúncias de populares. “Recebemos reclamações sobre a qualidade da obra, sobre trechos com o asfalto desnivelado, por exemplo. Nossa sugestão é para que a empresa apresente o motivo dessas falhas e que possa fazer a restauração o quanto antes”, disse.

Na ocasião, o secretário municipal da Infraestrutura (Seinfra), Carlson Gomes, bem como representantes da empresa responsável, atenderam o convite feito pela comissão e compareceram para prestar esclarecimentos.

Segundo o gestor da Seinfra, até o momento, houve a entrega parcial da obra, de modo que seguem os trabalhos de drenagem que podem ocasionar falhas em alguns pontos, mas que essas serão corrigidas. “Por causa do trabalho de drenagem, houve compactação em alguns pontos, mas estamos trabalhando nisso. A obra só será entregue por completo no final do ano e, antes, a empresa tem que garantir o perfeito estado. A qualidade do asfalto foi comprovada por testes pela empresa e poderão ser apresentados aos vereadores”, ressaltou o secretário.

A obra de requalificação da Avenida Felizardo Moura conta com drenagem, pavimentação, calçada, ciclovia, corredor de ônibus e a implantação de faixa reversível, garantindo mais fluidez no trânsito e resultando em um aumento de 30% da capacidade da via. O projeto prevê a aplicação de investimentos na ordem de R$43 milhões, sendo realizado conjuntamente pela Prefeitura de Natal e pelo Governo Federal. Os bloqueios na via começaram em novembro de 2022 e a execução para fevereiro de 2024.

Texto e foto: Cláudio Oliveira

Oncopety: cães e gatos também podem sofrer com câncer de mama

Foto: Divulgação.

É unânime entre os profissionais da medicina veterinária: o diagnóstico precoce é uma das principais alternativas para o sucesso no tratamento de câncer no seu pet. No caso do câncer de mama canino e felino não seria diferente, assim como a escolha eficaz para a forma de intervenção que os veterinários e tutores irão optar.

Em caso de confirmação clínica da doença, o primeiro passo pode ser a cirurgia, podendo ainda evoluir para procedimentos de quimioterapia e/ou radioterapia, o que vai depender do estágio e da gravidade da doença. A Oncopety, junto a clínicas especializadas e profissionais da veterinária, têm o compromisso de ajudar nesta jornada de tratamento que envolve muito empenho e dedicação para diminuir o sofrimento do seu animal.

Sendo o tipo de câncer mais frequente, os sintomas costumam aparecer nas fêmeas entre 8 a 10 anos de idade; machos também podem ser acometidos pela neoplasia, mas em menor incidência. Além disso, algumas raças também possuem maior predisposição ao desenvolvimento genético da doença.

Como prevenção, a castração é apontada como muito eficaz, até mesmo antes do primeiro cio animal; assim como não permitir a administração de contraceptivos orais ou injetáveis, o que é contraindicado pelos profissionais especializados. Além disso, é importante manter os exames dos pets em dia para diagnosticar mais rapidamente o tratamento ou não.

Para entrar em contato e se tornar um parceiro, acesse o Instagram @oncopety ou o WhatsApp (84) 98114-1392. Compromisso com a saúde e bem-estar dos animais, além do atendimento de excelência, são marcas da marca Oncopety.

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Idosos assumem lugar de vereadores na Sessão Solene do Dia do Idoso

Câmara Municipal de Parnamirim

Em alusão ao Dia do Idoso, a Câmara Municipal de Parnamirim realizou uma tarde de homenagens à pessoa idosa. Na última quarta-feira, a Sessão Solene “Vereador Idoso Por um Dia”, de proposição do vereador Thiago Fernandes (SD), convidou 18 idosos para assumir as cadeiras do Plenário Dr. Mário Medeiros e desempenhar a função de vereador por uma tarde.

Além da entrega de honrarias aos homenageados e da participação do Coral Vozes das Semas, discussões sobre pautas importantes para a população da terceira idade fizeram parte da Sessão. 

O ex-vereador de Parnamirim Samuel Fernandes usou a tribuna para agradecer em nome de todos os homenageados. “Pra mim é uma honra estar aqui neste momento solene. O momento é especial para mim e para todos os convidados pois estamos colhendo o que plantamos no passado. Estou muito feliz, lisonjeado e agradecido”, ressaltou.

Marcia Vieira de Alencar Caldas, vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa, falou sobre a importância do evento. “É muito importante trazer o protagonismo da pessoa idosa. Que os idosos sintam a vontade de ocupar o espaço de participação e contribuição dentro das políticas públicas do município. É uma grande oportunidade para trazer as necessidades e dificuldades de vivenciar a idade avançada”, afirmou. 

A solenidade foi encerrada pelo vereador e propositor da sessão, Thiago Fernandes, que ressaltou a importância da valorização da pessoa da terceira idade. “A lei do Estatuto da Pessoa Idosa completou 20 anos este ano. Graças a lei, o Brasil avançou consideravelmente na proteção das pessoas mais velhas. Por causa da lei, a velhice deixou de ser vista como doença e se transformou no direito de personalidade. Neste momento, vemos a pessoa idosa sair da invisibilidade. Saibam que os protagonistas hoje são todos vocês, parabéns e que possamos comemorar esta data por muitos outros anos”, declarou. 

Fonte: Malu Machado – Ascom/CMP

Governo anuncia 1.719 municípios aptos a receber 95 cursos de medicina

Governo anuncia 1.719 municípios aptos a receber 95 cursos de medicina

O governo federal autorizou a abertura de até 95 novos cursos de medicina, com 5,7 mil vagas, em 1.719 municípios do país. Nesta quarta-feira (4), o ministro da Educação, Camilo Santana, e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, lançaram o edital para a obtenção de autorização de funcionamento de cursos de medicina.

A medida ocorre no âmbito da retomada do programa Mais Médicos, que visa ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), com a descentralização da oferta de cursos e promoção da qualidade da formação médica.

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“O objetivo desse trabalho é retomar todo um processo da lei do Mais Médicos de 2013 que visava atender um desafio histórico, que eu remontaria ao século 19 no Brasil, o fato de a maioria da população brasileira não ter acesso ao profissional médico. Essa realidade vem mudando”, disse a ministra Nísia Trindade, destacando que, desde 2016, houve um período de retrocesso nas políticas de formação médica voltadas à necessidade social.

Ela reafirmou que a interiorização de cursos com residência médica é elemento central do Mais Médicos, aspecto fundamental para fixação de profissionais em áreas de vazios assistenciais.

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O edital lançado hoje traz os critérios para que mantenedoras de instituições educacionais privadas apresentem projetos para a instalação de novos cursos em municípios pré-selecionados. O documento deve ser publicado ainda hoje, em edição extra do Diário Oficial da União.

A meta é atingir, em dez anos, o indicador de 3,3 médicos por mil habitantes, média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Hoje, o Brasil possui 2,54 médicos por mil habitantes, dados de 2022.

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Em 2013, quando o Mais Médicos foi lançado, o indicador era de 1,8 médicos por mil habitantes. De acordo com o governo, apesar do aumento do número desses profissionais nos últimos dez anos, ainda persiste o problema da má distribuição das vagas.

“Há desigualdades e números muito desiguais referentes a percentual de médicos por mil habitantes. Se for pegar a Região Norte é menos de 2, se pegar outras regiões é acima de três. Então, a ideia e o objetivo é ter um edital com muita clareza, com muita transparência, com critérios preestabelecidos”, afirmou o ministro Camilo Santana.

Critérios
Para alcançar a meta da OCDE, é necessária a abertura de 10 mil novas vagas em cursos de medicina. Então, além das 5,7 mil do presente edital, o governo planeja ofertar cerca de 2 mil vagas para expansão dos cursos de medicina privados já existentes e mais 2 mil para as iniciativas de expansão das universidades federais, tanto em cursos já existentes, como em novos.

De acordo com Santana, os novos cursos em instituições públicas também devem seguir os critérios para levar à desconcentração da oferta, para escolha das regiões de expansão. O plano está sendo fechado com as universidades e deve ser apresentado ainda este ano.

No caso do edital lançado hoje, foram selecionadas 116 regiões de saúde (entre as 450 existentes) onde estão inseridos os 1.719 municípios. O documento prevê, no máximo, 95 novos cursos, que poderão ser instalados no conjunto desses municípios pré-selecionados, com a condição de haver apenas um curso por região de saúde.

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a seleção visa a uma primeira medida de desconcentração de oferta de cursos e também considera o impacto da abertura do curso na infraestrutura de saúde preexistente.

Foram pré-selecionados os municípios em regiões de saúde com média inferior a 2,5 médicos por mil habitantes; que possuem hospital com pelo menos 80 leitos; que demonstram capacidade para abrigar curso de medicina com pelo menos 60 vagas, em termos de disponibilidade de leitos; e que não estão na área de abrangência do plano de expansão de cursos de medicina nas universidades federais.

Incentivos
Cada mantenedora de instituição privada de ensino superior poderá apresentar até duas propostas para instalação de cursos, sendo uma por unidade da federação. O edital prevê a dispensa de comprovação de capacidade econômico-financeira para as instituições credenciadas há mais de 20 anos.

O ministro Camilo Santana explicou que as instituições de ensino contempladas serão definidas por meio de pontuação, sendo que os cursos que ofertarem residência médica terão maior pontuação. “Fizemos questão de fortalecer a residência, que é um dos grandes problemas que o Brasil enfrenta”, disse. O objetivo é privilegiar cursos inclusivos e que favoreçam a fixação dos formandos em áreas mais carentes de médicos.

Outros incentivos são para as instituições de ensino superior que atenderem a critérios relacionados à qualidade da formação médica e ao fortalecimento da rede do Sistema Único de Saúde (SUS). A experiência regulatória da proponente também será considerada.

As propostas direcionadas a municípios onde há menor concentração de médicos também serão mais bonificadas, por meio de um índice de desconcentração. Já a bonificação por ineditismo estabelece um valor fixo a ser somado à nota atribuída à proposta que prevê a instalação de curso em município onde ainda não existe curso de medicina autorizado.

Para a construção desses dois mecanismos – índice de desconcentração e bonificação por ineditismo – o MEC e o Ministério da Saúde contaram com a colaboração técnica do Ministério do Planejamento, por meio de sua Secretaria de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas e Assuntos Econômicos, e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Judicialização
O MEC disponibilizou ainda dados que mostram que a oferta de graduação em medicina ainda se apresenta desigual no território nacional. Em 2022, o Sudeste concentrava 150 cursos e 18.324 vagas, o que corresponde a 43,8% das vagas ofertadas no país. O Nordeste tinha o segundo maior número de vagas (10.468 ou 25% do total), seguido pelas regiões Sul (5.757; 13,8%), Norte (3.786 vagas; 9,1%) e Centro-Oeste (3.470; 8,3%).

Camilo Santana explicou que o edital também representa a retomada do protagonismo do Estado na coordenação da expansão dos cursos de medicina. Em abril, o MEC editou portaria que previu a retomada dos chamamentos para abertura de novas vagas.

A abertura de vagas de medicina no Brasil estava proibida desde abril de 2018, quando uma portaria do Ministério da Educação com validade de cinco anos foi publicada como forma de controlar a qualidade dos novos cursos no país.

Segundo o ministro, a proibição teve efeito contrário ao pretendido, já que acabou sendo superada por meio de decisões judiciais. Hoje, 57 mil vagas em cursos de medicina estão judicializadas.

Camilo Santana explicou que já há decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal sobre essas vagas. A decisão prevê que a Justiça só dê encaminhamento a processos de cursos que já passaram por avaliação do Inep ou que já foram implementados. Além disso, todas as aberturas de cursos judicializadas precisam ser avaliadas dentro dos critérios de desconcentração da lei do Mais Médicos.

O governo ressalta que, a partir de 2013, o Mais Médicos alcançou o efeito de interiorizar os cursos de medicina. Em 2015, havia mais cursos no interior que nas capitais. Mas, com a moratória e a judicialização a partir de 2018, além da ausência do critério regulatório do Estado, houve expansão desordenada de cursos, com mais efetivações onde já havia oferta dessa formação, “agravando a situação de concentração e má distribuição de médicos pelo país”.

Recentemente, com o fim do veto à abertura de novos cursos, grandes hospitais particulares também manifestaram interesse em abrir novos cursos de medicina no país. Camilo Santana explicou que não há restrição. “Quem estiver dentro das normas do edital poderá apresentar as propostas”, afirmou.

Fonte: www.portaltocanews.com.br

Desilusão judicial

A posse do ministro Barroso na presidência do Supremo Tribunal teve a voz inigualável da nossa querida Bethânia cantando o Hino Nacional. Confesso: ouvi-la cantar ali, naquele plenário que foi destruído pelos golpistas no Dia da Infâmia, foi emocionante. Simbólico.

Depois, ela nos brindou com uma doce interpretação de “Todo Sentimento”, talvez a letra mais bonita do velho Chico. Foi como se aquele momento fosse “o tempo da delicadeza” a que se refere o poeta. Criou em todos nós que atuamos na Suprema Corte uma expectativa de dias melhores.

E o presidente Barroso colocou para ser julgado, na primeira sessão sob sua presidência, um dos temas mais importantes e sensíveis da Corte: o macabro sistema penitenciário brasileiro. O Psol ajuizou uma arguição de descumprimento de preceito fundamental, a ADPF 347, para enfrentar o descalabro das condições carcerárias. O país trata os seus presos de maneira desumana, criminosa e cruel.

Tenho dito que o cidadão condenado perde a liberdade, mas tem o direito de manter a sua dignidade e todos os direitos a ela inerentes. O Estado passa a ter a custódia da liberdade, mas, necessariamente, tem que prover todas as condições para que o custodiado tenha uma vida digna. O preso não pode virar um objeto nas mãos do Estado. Ele continua sendo sujeito de direitos, na plenitude possível, dentro do presídio.

Esse julgamento, extremamente relevante, iniciou-se em 2021, quando o relator, ministro Marco Aurélio, votou pelo “Estado de coisas inconstitucional”. De lá para os dias atuais, a situação só piorou. Com o retorno do julgamento e a decisão do plenário do Supremo Tribunal reconhecendo a óbvia e permanente violação aos direitos fundamentais dos cidadãos recolhidos aos presídios e determinando uma intervenção do governo federal, faz-se imperiosa, para mitigar a situação –o que é louvável–, a pergunta que não quer calar: essa decisão terá efetividade?

Esse é o grande impasse que está colocado para toda a sociedade brasileira. Como dar força cogente ao pronunciamento do mais alto órgão do Poder Judiciário, o plenário da Suprema Corte?

É evidente que a determinação é importantíssima e cabe a todos cobrar do Executivo para que ela seja cumprida. Enquanto isso, o Judiciário pode se aprofundar nas decisões que levam ao abarrotamento das cadeias. O Judiciário, é voz corrente entre os operadores do direito, prende muito e prende mal.

O responsável pelas condições sub-humanas dos presos dentro do sistema penitenciário é, em última análise, o Poder Executivo. Mas o responsável pela superlotação é exatamente o Poder Judiciário.

O ministro Barroso foi muito preciso ao apontar que as prisões de pessoas primárias e de bons antecedentes é uma maneira de fornecer mão de obra barata para as organizações criminosas que dominam os presídios. E, sabemos todos, a grande maioria desses presos são jovens, pretos e pobres –os invisíveis sociais. É a desigualdade dentro do que já é desigual, injusto e cruel.

A questão crucial, agora, é acompanhar o plano que deverá ser elaborado em até 6 meses: será que terá eficácia o que for colocado no papel? A implementação, em até 3 anos, o que é um prazo razoável para o Estado, parece ser um prazo terrível para quem está preso. Um martírio, um inferno. Novamente, Mia Couto, no poema “Versos do Prisioneiro – A Sentença”:

Você

tem que aprender

a respeitar a vida humana, disse o juiz.

Parecia justo.

Mas o juiz

não sabia que, para muitos,

a vida não é humana.

O prisioneiro retorquiu:

há muito me demiti de ser pessoa.

E proferiu, por fim:

Um dia,

a nossa vida será, enfim,

viva e nossa.”

Seria importante que, enquanto se aguarda a efetividade da decisão do Supremo, todo o Judiciário começasse a cumprir, rigorosamente, uma norma que já existe: a Lei de Execução Penal, nº 7.210, de 11 de julho de 1984, que trata sobre o direito do reeducando nas penitenciárias e a sua reintegração à sociedade. Se a lei existente fosse simplesmente obedecida, já iria operar grandes modificações nas medievais prisões brasileiras.

Embora não seja o ideal, já consta, expressamente, a necessidade legal e imperiosa de dar assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa. Todas elas textualmente especificadas no diploma legal.  Basta respeitar a lei enquanto se espera o cumprimento da importante decisão da Corte Suprema.

Mas a realidade é outra. O juiz Livingsthon José Machado, em 2005, determinou a soltura de 59 presos que cumpriam pena ilegalmente em delegacias superlotadas na Comarca de Contagem (MG). Os prisioneiros estavam amontoados em condições sub-humanas. A situação era caótica e cruel.

O Estado recorreu dizendo que a decisão contrariava o interesse público. A ordem de soltura foi suspensa e o magistrado, investigado por cumprir a lei de execução penal. Foi punido e afastado. Decidiu deixar a magistratura. Em 2009, questionado sobre o motivo de ter deixado o cargo e a carreira de juiz, em uma entrevista intitulada “Desilusão Judicial”, ele foi direto: “Quando vi a Constituição sendo rasgada”.

Remeto-me ao eterno Mia Couto, no poema “Versos do Prisioneiro 1”:

Deixei de rezar.

Nas paredes

rabiscadas de obscenidades

nenhum santo me escuta.

Deus vive só

e eu sou o único

que toca a sua infinita lágrima.

Deixei de rezar.

Deus está noutra prisão.”

Fonte: poder 360