“Tive fome e me destes de comer”

Padre João Medeiros Filho

Todas as vezes que fizerdes isto ao menor dos meus irmãos, é a mim que o fazeis” (Mt 25, 40), ensinou Jesus aos discípulos. Crianças, pessoas com deficiência física ou mental, idosos abandonados, dependentes químicos, desempregados, inclusive famílias,vagam pelas ruas de nossas cidades. Sem dinheiro e trabalho cresce essa população de excluídos, não obstante os programas sociais de governos. Não tendo para onde ir, dependem de gente caridosa para sobreviver. Tudo ficou ainda mais difícil para eles, neste período de pandemia. As pessoas saem menos. Apressadas e tangidas pelo medo, não encontram tempo para olhar os desvalidos. Humilhante. Não só para eles, mas também para nós.

Tais seres humanos já viraram almas do outro mundo”, como se diz no interior, pois não constam das estatísticas. Se perguntarem aos administradores públicos quantos se encontram em situação de rua nas suas cidades, talvez não saibam responder.Inexistem dados oficiais ou interesse em informar. Fazem parte das feridas expostas. Segundo estimativas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (vinculado ao Ministério da Economia), em 2019, o número devia atingir mais de duzentas mil pessoas, no Brasil. E consoante o mesmo órgão, calcula-se que menos de 5% dessa população possui título de eleitor, o que explica muita coisa.Isso leva a refletir e incentivar gestos humanitários. Cristo teve compaixão dos esquecidos. Vários de seus milagres foram em favor dos doentes e desprezados. É preciso que os cristãos realizem mais ações concretas, expressões da caridade efetiva e afetiva, diante da ausência do poder público.Pio XI, na encíclica Quadragésimo ano, já falava do “princípio de subsidiariedade da Igreja no absenteísmo do Estado”.

Há quem pense que os habitantes de rua são de outra espécie e não seres humanos. Santa Dulce dos Pobres dizia a seus colaboradores: “Se não fosse a graça de Deus, quem sabe se nós não estaríamos entre eles”. Não é justo alguém imaginar que um ser humano goste de dormir ao relento. É uma agressão à natureza humana não dispor de água para beber ou se banhar, não ter o que comer e sem perspectivas de futuro. Como aceitar que alguém viva na violência da miséria ou tenha marquises e viadutos como moradia?É desejo de todo cidadão habitar num país onde haja respeito, liberdade, justiça, equidade e paz.

Quantos hoje estão na vulnerabilidade! Segundo um prelado brasileiro, “o fruto da malversação dos recursos públicos destinados à Covid-19 seria suficiente para minorara situação da nossa mendicância”. Fala-se tanto em pacto pela vida. No entanto, parece que tais seres humanos nele não estão incluídos. Faz-se necessário dar maior assistência aos marginalizados da sociedade.Frequentemente, um morador de rua não consegue sequer obter um copo d´água. Quando chega a algum lugar, muitos se afastam. Ao entrar em padarias, restaurantes ou lojas, imediatamente os seguranças são chamados para afastá-lo. No trânsito, quando um deles se aproxima, sobem-se os vidros do automóvel e desvia-se o olhar. Onde estão a fé e a consciência da fraternidade? Jesus exemplificou a falta de solidariedade de seus contemporâneos com a Parábola do Bom Samaritano. Na história do cristianismo, encontram-se grandes apóstolos da caridade, dentre eles, São Vicente de Paulo, São Camilo de Lellis, São José de Cottolengo, Padres João Maria e José Coutinho (sacerdote paraibano), Santa Teresa de Calcutá etc.

As origens cristãs devem ser relembradas. Jesus nasceu na manjedoura de uma estrebaria porque “não havia lugar para eles nas hospedarias” (Lc 2, 7). Grávida, Maria Santíssima perambulou, junto com José, por Belém e cercanias, em busca de acolhida. A insensibilidade ou indiferença humana perdura, ao longo dos séculos. Quanto custa para saciar a fome de um indigente? Decerto, menos que os gastos supérfluos do cotidiano. O pobre, sacramento vivo de Cristo, convida-nos a atitudes sempre mais corajosas. Um sermão de Santo Ambrósio, proferido há mais de dezesseis séculos,continua válido e atual: “Um julgamento mais severo te espera. O povo sente fome e tu fechas as portas. Alguém implora por comida e tu exibes teu ouro. Somente as pedras de tuas joias poderiam salvar muitas vidas de teus irmãos”.

Abidene participa do ato de assinatura do Decreto que reabre igrejas e templos religiosos em Parnamirim

O vereador Abidene Salustiano participou na tarde desta quarta-feira(08), ao lado do prefeito Taveira e do secretário municipal de Assistência Social, Jacó Jácome, do ato da assinatura do Decreto que reabre igrejas e templos religiosos.” É um momento importante para Parnamirim. Recebemos pedido de vários pastores e líderes religiosos para abertura das igrejas evangélicas e templos religiosos. Agradeço o compromisso do prefeito Taveira, que esperou o momento certo. A fé move montanhas” disse Abidene.

Abidene ainda pediu ao secretário Jacó apoio às igrejas. “Teve casos que os pastores fecharam as portas por conta do aluguel, dentre outras dificuldades. Precisamos nos dar as mãos nesse momento difícil para todos nós”, analisa o vereador.

BLECAUTE GERAL. AS IGREJAS QUEREM LUZ

Na cidade de Parnamirim, o desgaste na relação poder executivo e poder eclesiástico é assustador. Nos últimos dias, um fato vexaminoso causou muita revolta aos paroquianos e fez até o padre Murílo, pároco municipal, chorar. Desde muito tempo, a prefeitura municipal de Parnamirim se comprometeu a custear o ‘vale luz’ para a igreja católica e algumas igrejas evangélicas, da Cidade Trampolim da Vitória, mas este ano, o prefeito deixou o padre e o pastor no escuro. Nos últimos dias, a movimentação na casa paroquial foi tão grande que chamou a atenção, das pessoas que praticavam exercícios físicos na pista de caminhada, na Cohabinal. Observadores disseram que nunca se viu tanto político, de diversos partidos, indo se solidarizar com o padre Murílo. O sacerdote está extremamente aborrecido com o representante do executivo municipal, o prefeito não pagou a conta de luz e a Cosern veio cortar a luz da igreja durante a festa da Padroeira Nossa Senhora de Fátima. Uma vereadora e uma pessoa próxima ao padre relataram que Murílo está tão chateado ao ponto de preferir falar no ‘cão’ a conversar com o coronel.
No campo político, o estrago é maior ainda, pois o padre é amigo particular da governadora Fátima Bezerra e um sargento eleitoral desse grupo de Parnamirim. Vale lembrar que em todas as campanhas o pároco se posicionou ao ponto de se expor como fez nos últimos 16 anos para defender esse grupo político. O padre Murílo recebeu a visita do ex-prefeito Maurício Marques, desabafou sobre o ocorrido e chegou a dizer que “se arrependimento matasse, ele estaria morto” por ter elegido Taveira. O ex-prefeito Maurício contou segredos de confessionário sobre o que fez para colocar o coronel nessa cadeira. O clima é tenso entre os poderes político e eclesiástico, o prefeito foi aconselhado a recorrer ao arcebispo para tentar explicar a situação e reverter esse desconforto. Há um detalhe a ser considerado, o prefeito Taveira anda longe dos ambientes religiosos, especialmente, a igreja católica e evangélica, acredita-se que o motivo desse distanciamento seja sua inadimplência com o compromisso do ‘vale luz’ das igrejas. Uma pessoa ligada à atual administração e bastante assídua nas missas comentou que o prefeito estava sendo ingrato e talvez deixou-se ser usado por um espírito de tranca rua, por estar causando tanto vexame ao padre.

Parnamirm faz história ao homenagear o imortal padre João Medeiros Filho

Em uma sessão bastante concorrida, promovida pelo vereador Abidene Salustiano, a Câmara Municipal de Parnamirim presta duas homenagens ao imortal padre João Medeiros Filho. A primeira honraria, foi o título de cidadão Parnamirinense e a segunda honraria foi alusiva aos 54 anos de ordenação sacerdotal do homenageado. Os amigos e familiares lotaram as dependências do plenário, compareceram ao evento várias autoridades, representante do judiciário, desembargador Amílcar Maia, o prefeito da cidade de Jucurutu, Valdir Medeiros, ex-secretários da prefeitura de Parnamirim, os arcebispos eméritos, Dom Matias Patrício de Macedo e Dom Heitor de Araújo Sales, Monsenhor Lucas Batista Neto, as irmãs da congregação de Emaús. Em seu brilhante e erudito discurso, o padre João Medeiros citou os clássicos literários, como a Ilíada de Homero e a Bíblia Sagrada, bem como ressaltou o conceito de cidadania, como sendo “[…] conjunto de direitos e deveres exercidos por um indivíduo que vive em sociedade[…]” e enfatizou a importância do exercício dessa. O homenageado dedicou a honraria recebida aos profissionais da área da saúde e da educação, ademais rememorou os momentos em que contribuiu para a formação católica dos militares e da comunidade Parnamirinense, assim como as relações de amizade que mantinha com o então prefeito Agnelo Alves. O padre João como educador parabenizou o vereador Abidene Salustiano pelo projeto biblioteca itinerante disponibilizada aos munícipes Parnamirinenses. Em todos os momentos da cerimônia, o padre João Medeiros emocionou a plateia com seus ensinamentos, rememorando conceitos do direito, da filosofia e da vida cristã. Além disso, destacou a importância da prática da cidadania para promoção de uma convivência mais harmônica na sociedade hodierna.

A era da impaciência

 

Padre João Medeiros Filho

Vive-se na sociedade dos apressados, agitados e impacientes. Verificam-se manifestações nesse sentido no trânsito, nas filas, nos atendimentos em geral, nas celebrações religiosas etc. Alguns terapeutas afirmam que 60% dos seus pacientes padecem dessa morbidade. As novas tecnologias estão mudando a maneira de percepção da realidade cronológica e o modo de viver das pessoas. Às vezes, tudo parece se acelerar. Então, a impaciência aumenta. Constata-se que, por conta disso, muitos vivem presos à cronometria e se tornam escravos dos relógios.

Não raro, tem-se a impressão de que o tempo voa, alimentado por um invento que se tornou extensão de nosso corpo: o inseparável telefone celular (smartphone). Este parece sempre disposto a oferecer novidades. Porém, de forma adversa, há ocasiões em que tal instrumento funciona como um algoz. Existem momentos, em que se espera uma resposta, a qual tarda a chegar. Recentemente, a psicóloga australiana A. McLoughlin publicou um estudo, demonstrando que o corpo humano percebe o tempo de maneira diferente, quando se permanece longos períodos conectados a dispositivos elétricos ou eletrônicos. Outra pesquisa, realizada na Universidade de Harvard, comprovou que nos indivíduos de sociedades tecnocêntricas os relógios biológicos e internos manifestam-se com um ritmo célere e descontrolado. Isso pode ser útil para se trabalhar com mais rapidez. No entanto, faz com que as pessoas se sintam pressionadas e nervosas. À medida que a marcha de nossas vidas se acelera, sente-se subjetivamente o tempo disponível diminuir. Isto faz os seres humanos mais impacientes. Alguns cientistas afirmam que a percepção temporal está ligada às nossas emoções. Se tudo está bem, passa mais rápido. Quando se está com dificuldades e problemas, pensa-se que ele fica mais lento. O modo como o cérebro humano o percebe, continua ainda sendo um mundo de incógnitas para os pesquisadores.

É muito conhecida a poesia-oração do padre Michel Quoist, em seu livro Poemas para rezar, quando afirma: “Senhor, os homens passam correndo pela terra: apressados, atropelados, sobrecarregados, enlouquecidos, assoberbados. Correm todos, para não perder tempo, para recuperar o tempo, para ganhar tempo. No entanto, Jesus Cristo já advertia sobre a pressa e a agitação: “Quem de vós com toda a sua preocupação pode acrescentar um só dia à sua vida?” (Mt 6, 27; Lc 12, 25). O apóstolo Paulo dirigindo-se ao bispo Timóteo recomenda: “Ao discípulo do Senhor… convém que seja manso para com todos, saiba ensinar e seja sempre paciente” (2Tm 2, 24).

Mas, a questão atual é saber se a vida está transcorrendo mais rápido do que antes. A pressa, a falta de oportunidade para encontros, conversas, leitura, reflexão e até mesmo oração levam a esse questionamento. Uma conclusão deve ser tirada. O tempo não nos pertence. Por mais que se queira, ele nos vence e poderá tonar-se um grande inimigo dos seres humanos. A impaciência não modifica nem melhora a situação. Nota-se que, quanto mais estímulos e compromissos para as pessoas, ele parece mais apressado. No entanto, é fundamental perguntar: vive-se melhor nos dias atuais? Muitos respondem de forma negativa, pois a sobrecarga de informações revela-se como uma fonte de estresse. Quando este aumenta, afeta a percepção do tempo e da vida. Se alguém não está bem, tudo fica mais demorado e lento. O apóstolo Tiago já alertava para a tentação da ansiedade que domina os seres humanos. “O que será de vossa vida? De fato, não passais de uma neblina que se vê por um instante e logo desaparece” (Tg 4, 14). Por que tanto açodamento?

Hoje, há alguns termos menosprezados neste mundo dos vexados, por exemplo: ter paciência e esperar. Isto gera em vários a incerteza. E esta significa muitas vezes sofrimento. O professor Antônio Bayés de Luna, da Universidade de Barcelona, autor do livro “El reloj emocional”, afirma que “é necessário ensinar o valor da espera e da demora”. A Sagrada Escritura caminha nessa direção e tenta nos transmitir isto, como se depreende do Livro do Eclesiastes: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há um momento oportuno para cada coisa debaixo do céu.” (Ecl 3, 1).

“E agora, José”?

Padre João Medeiros Filho

O poema “José”, de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1942, traduz um sentimento de incerteza, inquietude, bem como a sensação de quem está sem rumo na vida.  Após a euforia das eleições e posses dos governantes, paira no ar análoga percepção.  Muitos brasileiros preocupam-se sobremaneira com a governabilidade. Reina ainda um clima de dúvida e insegurança. O desafio da chegada de novos tempos gera expectativa e apreensão. A adaptação e aceitação de qualquer mudança, por vezes, são dolorosas. Os que fazem oposição dividem-se. Alguns optam pela resistência e combate acirrados. Outros preferem esperar para ver e deixar que o adversário fracasse. Muitos apostam na ingovernabilidade. Resta uma nação dividida e desencontrada.

Nestes últimos meses, famílias se indispuseram e até, em alguns casos, cortaram relações entre seus membros. Amizades de anos se desfizeram e palavras de acusação, raiva e ofensa foram proferidas, onde antes parecia haver entrosamento e reinar harmonia. Muitas coisas foram perdidas e parece bem difícil reencontrá-las. Em suma, verifica-se um ingente desencontro. Nessa contramão atual, o papa Francisco tem falado da importância de construir uma cultura do encontro. Não se trata de mero discurso piedoso do Sumo Pontífice para dizer a todos que se respeitem e se amem. Vive-se por aqui, no momento, o contrário: a cultura da fragmentação e desintegração. Os cristãos não podem capitalizar o ressentimento e deleitar-se com vínculos rompidos e laços quebrados.

Saber encontrar-se é de suma importância. O poeta Vinicius de Morais dizia: “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.” O encontro é inerente ao ser humano. Este é vocacionado para a relação, o afeto e o amor. Quando era arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio várias vezes conclamou seus compatriotas a superar os desencontros e restabelecer na sociedade, pelo diálogo e com esperança, os vínculos culturais, religiosos, sociais e políticos. É o que devem promover atualmente todos os cidadãos brasileiros, motivados especialmente pelas convicções religiosas e inspirados no exemplo de seus líderes e pastores.

A tentação de desânimo diante desta proposta vem carregada da tinta escura da desconfiança e dos ressentimentos. “Os cristãos devem se conscientizar de que são irmãos, e não concorrentes ou inimigos”, reitera Francisco em suas homilias. Como superar a obstinação de pessoas e grupos que parecem falar outra língua, oposta à linguagem da união, da paz e da prosperidade? Como fazer para que a busca do entendimento se transforme em verdadeira cultura, levando ao bom senso e à sabedoria?

Sabe-se que é difícil. Mas sem isso o Brasil não se libertará. O ódio, o fanatismo e a intransigência são forças que afastam e levam à destruição. Mas, a união e a harmonia poderão acontecer. Somos um povo fiel e temente a Deus. “Não ficarão desiludidos os que em Ti esperam” (Sl 25, 3), diz o salmista. Ou ainda, como escreveu o apóstolo Paulo: “Tudo posso Naquele que me fortalece” (Fl 4, 13). O pacto e o encontro ocorrerão, se houver em cada um o desejo de uma pátria justa e humana, edificada sobre valores nacionais, alicerçada na liberdade e na justiça. Tudo será possível, se existir um propósito comum: o bem da nação.

É imperativo que o povo respire um clima de paz, segurança e de um progresso partilhado com todos, vislumbrando a perspectiva de um futuro melhor. Recalcitrar-se nas divergências e em posições antagônicas e antipatrióticas não ajudará o Brasil a conseguir o objetivo de seu desenvolvimento e bem estar. Aprofundar divisões conduzirá ao abismo. É urgente desarmar os espíritos e buscar consensos. Eis a postura verdadeiramente cristã. Sem respeitar as diferenças, elidir o nefasto radicalismo e extirpar o ignominioso e excludente egoísmo partidário, o país chegará ao caos. Isto vale igualmente para o Rio Grande do Norte. A difícil arte do encontro deve fazer-se, ainda que em meio a esse mar de desencontros, no qual se vive hoje. O Brasil e a terra potiguar merecem! É hora dos cristãos mostrarem a força do amor e do perdão, que brotam do Evangelho!

POSSE DOS ELEITOS E ANO NOVO

 

Foto: João Gilberto

PADRE JOÃO MEDEIROS FILHO

O Congresso Nacional e as Assembleias Legislativas reúnem-se hoje, em sessão
extraordinária, para empossar os novos gestores, escolhidos nas últimas eleições. Estão
em recesso, cuja finalidade é proporcionar o contato dos parlamentares com as bases para
ouvir propostas, reinvindicações e críticas. Durante o ano que findou, o Parlamento
Nacional foi mais um palco de polêmicas e ataques entre os blocos de oposição e
governista do que espaço de diálogo e busca de soluções para os verdadeiros e urgentes
problemas da nação. Marco Maciel, quando Ministro da Educação, dirigiu-se a seus
principais assessores, nestes termos: “Preciso de colaboradores, não de bajuladores”. Os
eleitores poderiam também ouvir declarações análogas de seus representantes. Há uma
pergunta que não cala: em seu retorno, como o Congresso irá votar as reformas? A nação
queda-se incrédula diante da insensibilidade social e indiferença da classe política e de
certas autoridades. Quão distantes estão da Sagrada Escritura, quando se refere a Javé, o
Deus Todo-Poderoso: “Ouvi o clamor de meu povo” (Ex 3, 7). A aprovação dos projetos
de emenda constitucional é insuficiente para mudar o Brasil. Não será a solução
automática, como muitos imaginam. A tarefa é bem mais complexa. A reforma necessária
reside primeiramente nas mudanças dentro de nosso tecido sócio-político-cultural. Ocorrerá somente com a transformação radical de mentalidade e condutas individuais ou
partidárias, que vêm perpetuando privilégios e exceções. Deve-se caminhar para o fim de
posturas que alimentam preconceitos e discriminação, intransigência e ódio. Acontecerá
apenas se os anseios do povo prevalecerem sobre aqueles dos partidos e grupos. É preciso
eliminar uma mentalidade retrógada, antiética e antipatriótica de tentar prejudicar e fazer
oposição irresponsável, ilógica e indiscriminada aos governantes. O clima deve ser de
união e colaboração pelo bem da pátria, que é do povo e não dos dirigentes e políticos. O Brasil merece dias melhores. Para tanto, convém respeitar os avanços sociais, e
não atender tão somente a projetos de governos ou partidos (não os da população), mesmo
à custa de artifícios administrativos, bem como concessão de cargos e benesses. Entende- se que só haverá a verdadeira transformação, quando as instituições se tornarem
instrumentos capazes de elidir mecanismos de empobrecimento e exclusão social. Exige- se lucidez para ajustar a máquina pública, extirpando regalias que geram desigualdades. Requerem-se disciplina e controle para não se gastar além do que se arrecada e
estabelecer prioridades para a nação. É fundamental superar dinâmicas viciadas, que
acarretam divisão: de um lado, privilegiados e, de outro, uma multidão de desassistidos. Para o Brasil avançar é imperativo que a classe política faça respeitar
verdadeiramente a dignidade humana, como princípio basilar da sociedade. É essencial
haver, por parte dos novos gestores, a vontade inarredável do bem comum, firmado em
parâmetros de equidade e eficiência, e não de conveniências partidárias. Atualmente, é
unanimidade afirmar que o Estado não suporta mais o crescimento excessivo de sua
máquina e seus aparatos, sobrecarregando o povo com despesas. Os políticos e
governantes têm em 2019 um desafio sério: encontrar uma saída para o desenvolvimento
do país e o bem-estar dos cidadãos. Estes estão exaustos de pagar a dívida dos
desgovernos e saturados de escândalos, improbidades, desrespeito e retórica demagógica!
Assim, poder-se-á vislumbrar um autêntico Ano Novo para o Brasil!
Cabe lembrar as palavras de Cristo: “Não se põe remendo novo em pano velho”
(Mt 9, 17). Talvez seja o que acontece entre nós, tornando a emenda pior do que o soneto. Há premência em sair da crise que atinge a nossa pátria. Para isso é indispensável incluir
responsabilidade e sensibilidade social a fim de proporcionar uma governabilidade eficaz, assegurando empregos, facilitando atividades empresariais, iniciativas educativas e
culturais. Urge que o Brasil reconquiste sua credibilidade com a garantia de direitos e
oportunidades de trabalho para evitar que a nação seja uma legião de decepcionados e
excluídos. Mister se faz seguir as recomendações do apóstolo Paulo a seu discípulo
Timóteo: “Antes de tudo, façam súplicas e orações por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos paz, justiça e dignidade” (1Tm 2, 1-2).