AVC e colapso cardiocirculatório causaram morte do papa Francisco, informa boletim do Vaticano

Um acidente vascular cerebral (AVC) e colapso cardiocirculatório foram a causa da morte do Papa Francisco, ocorrida nesta madrugada, segundo divulgou o Vaticano na tarde de segunda-feira 21. Ele tinha 88 anos. A causa já havia sido noticiada em jornais da Itália e foi confirmada em um comunicado oficial da Santa Sé.

O pontífice argentino morreu menos de um mês após deixar o hospital, onde ficou internado para tratar de uma pneumonia bilateral. Um dia antes da morte, ele apareceu em público no Vaticano em uma missa de Páscoa, quando fez a última saudação aos fiéis.

Estadão Conteudo.

Adeus, Papa Francisco


Padre João Medeiros Filho

Segundo vaticanólogos, Jorge Mario Bergoglio foi eleito papa contrariando previsões de dignitários eclesiásticos. Isso mostra, apesar das fragilidades humanas, o sopro divino dentro da Igreja Católica. Francisco era uma figura carismática, cuja missão consistia em reconquistar a credibilidade eclesial junto à sociedade hodierna, em parte materializada e alheia ao Evangelho. Não há dúvidas de que seus gestos e palavras contribuíram para tanto. Pastor misericordioso, despojado, voltado para os problemas e causas importantes, urgentes e justas. Usava paramentos, relógio e sapatos simples, sem a marca de notáveis fabricantes, tendo apenas aquela do seu despojamento. Sofreu inúmeros ataques por parte de seus opositores, inclusive autoridades do clero. A falta de escrúpulo e o desespero de alguns manifestavam-se acintosamente. Uma corrente insistia em denegri-lo e desestabilizá-lo.

A eleição de Francisco tornou a Igreja mais exposta, como entidade milenar, enclausurada em suas estruturas e tradições. Reiterou a importância de uma Igreja livre e ágil para cumprir sua missão. Isto incomoda, pois tal liberdade pressupõe riscos no caminho que leva aos sofridos. O Abbé Pierre, apóstolo dos excluídos franceses, referindo-se aos a seus oponentes, dizia: “Eles têm as mãos limpas, pois não costumam tirá-las das luvas ou dos bolsos.” Para quem se apega à segurança institucional, uma Igreja mais despojada é uma proposta arriscada, sobretudo no mundo de hoje, fluido e fragmentado. As reações contrárias a Francisco revelaram o medo de que a instituição se perca. A oposição ao papa argentino tecia críticas a uma concepção de Igreja que assusta, pois relativiza o poder. Dir-se-ia, mais exatamente, a ilusão do poder, posto que se presencia o desempoderamento clerical. Este não ocupará mais no mundo secularizado o mesmo espaço de outrora.

Os adversários de Francisco não queriam discutir ideias teológicas sobre aquilo que a Igreja poderia ser ou não. Demonstravam abertamente sua rejeição à mudança estrutural externa pela qual ela eventualmente poderia passar. Temiam pelo desaparecimento de seus privilégios, pelo fim de seu prestígio e que sua riqueza fosse somente o amor ao próximo (desmistificando a pompa, “a pastoral do pano”, a ostentação e a glória) e suas mordomias se transformassem em pão na mesa dos famintos. Mostravam um receio de que a Igreja olhasse para todos de igual forma, enchendo-se de pecadores, pois não estavam preparados para isso.  “Ide, pois, aprender o que significa: misericórdia eu quero, e não sacrifícios”, afirmava Jesus (Mt 9, 13). O Papa Francisco manifestou-se líder inaudito e insólito. Este surpreendia, ao buscar a transformação das estruturas eclesiásticas e do mundo. Muito se escreveu a respeito de suas atitudes. São icônicas, despertando para uma Igreja em transformação, apesar de lenta. Por isso, o papa latino-americano foi amiúde vítima de invectivas implacáveis, desrespeitosas e injustas, advindas, mormente, dos irmãos eclesiásticos.

Os opositores de Bergoglio não se quedavam tranquilos. É compreensível, ainda que inaceitável. Os paladinos do “status quo” defendem a “segurança” e, nesse sentido, toda perspectiva de mudança soa como ameaça. Foi também assim com Jesus. A nova proposta da imagem de Deus trazida pelo Mestre punha em questão elementos da religião de seu povo. Nesse sentido, explicam-se as palavras de Caifás: “É melhor um só morrer do que perecer todo o povo” (Jo 11, 50). A morte de Cristo significou para as autoridades da época “a defesa da religião”. O mesmo se pode dizer da oposição orquestrada a Francisco. Tal reação, tanto a dos seus adversários, como aquela dos êmulos de Jesus, revela falta de percepção e apego à instituição temporal. Cristo veio anunciar a Boa-Nova, de Paz, Justiça e Salvação. Sobre isto o Santo Padre chamou a atenção. E com humildade procurou abrir as portas da Igreja para que os cristãos respirassem o ar puro do perdão e da graça divina. É certo que uma Igreja dirigida por seres humanos seja passível de cometer pecados e erros, mas deverá reconhecê-los e corrigi-los para continuar a ser o sacramento de Cristo. Alguns clérigos esquecem ainda hoje as palavras do Mestre: “Entre vós, não seja assim, quem quiser ser o maior, seja aquele que vos serve” (Mt 20, 25). Cristo terá dito à chegada de Francisco no Céu: “Vem bendito de meu Pai. Recebe em herança o Reino que Ele te preparou” (Mt 25, 34).

Carta, canonização e nomeações: os gestos de papa Francisco com o RN

Foto: Divulgação/Vaticano

Falecido na madrugada desta segunda-feira (21), aos 88 anos, o Papa Francisco não chegou a realizar uma visita ao Rio Grande do Norte. Mas, mesmo à distância, o pontífice esteve próximo do povo potiguar, com decisões administrativas e gestos de atenção pastoral e afeto humano, deixando seu legado vivo na memória da igreja católica do Rio Grande do Norte. Em homenagem à sua partida e legado, será celebrada missa na Catedral Metropolitana de Natal, no bairro Tirol, às 16h30 desta segunda.

Entre as suas ações para à terra potiguar, o Papa canonizou, em 2017, os Mártires de Cunhaú e Uruaçu, elevando-os ao status de santos da Igreja Católica. Os protomártires do Brasil, como são conhecidos, foram mortos no século XVII em episódios de perseguição religiosa no território potiguar. A canonização foi um marco para a fé nordestina e reconheceu a importância histórica e espiritual desses mártires para a Igreja no Brasil.

Em 2020, Francisco concedeu à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia, em Acari, o título de Basílica Menor, a primeira do estado com essa distinção. O reconhecimento simboliza a relevância espiritual e arquitetônica do templo, e reforça o prestígio da comunidade local no cenário eclesial brasileiro.

O Papa também promoveu nomes potiguares a posições de destaque. Em 2022, nomeou o padre Flávio José de Medeiros Filho, natural do Rio Grande do Norte, como cônego da Basílica de São Pedro, no Vaticano — um dos cargos mais importantes na Igreja global. Flávio também é responsável por manter proximidade entre o estado e o Papa, sendo um dos principais interlocutores locais com a Santa Sé.

Em sua missão pastoral, Francisco também nomeou os três atuais bispos das dioceses potiguares:

  • Dom Francisco de Sales, para a Diocese de Mossoró (2023);
  • Dom João Santos Cardoso, como arcebispo de Natal (2023);
  • E Dom Antônio Ranis Rosendo dos Santos, para a Diocese de Caicó (2025).

Além das decisões institucionais, o Papa teve um gesto afetuoso e comovente durante a pandemia de Covid-19. Em maio de 2021, escreveu uma carta de próprio punho ao padre Matias Soares, da Paróquia de Mirassol, em Natal, que enfrentava uma grave internação em decorrência da doença. A mensagem foi enviada após o Papa saber da situação por meio do padre Flávio Medeiros. Foi a segunda carta escrita por Francisco ao padre Matias, demonstrando atenção pessoal e solidariedade com os fiéis potiguares.

 

Tribuna do Norte

Sua Santidade, o Papa Francisco, faleceu, na manhã desta segunda-feira (21), no Vaticano.

Assim, comunicou o Cardeal Farrell:

“Queridos irmãos e irmãs, com profunda tristeza devo anunciar a morte de nosso Santo Padre Francisco. Às 7h35 desta manhã, o bispo de Roma, Francisco, voltou para a casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo de verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, encomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino.”

Morre o Papa Francisco

2025.04.21 Morte Papa
Foto: Reprodução

Anúncio do Camerlengo Farrell da Casa Santa Marta: “Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da Igreja”

Morre o Papa Francisco. O anúncio foi dado, com pesar, poucos instantes atrás diretamente da Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, por Sua Eminêcia, o cardeal Farrell, com as seguintes palavras:

“Queridos irmãos e irmãs, com profunda tristeza devo anunciar a morte de nosso Santo Padre Francisco. Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja.

Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados.

Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino.”

Ontem, domingo, o Pontífice apareceu na sacada da Basílica de São Pedro para a mensagem de Páscoa Urbi et Orbi, deixando sua última mensagem para a Igreja e o mundo.

Seguimos com mais informações ao longo do dia.

 

Vatican News