Sepúlveda Pertence, meu amigo, meu ídolo

O advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay

No princípio, eu o admirava, de longe. Um estudante de direito recém chegado em Brasília, vindo do interior de Minas, olhando, admirado, alguém em quem eu poderia me espelhar. Fundei o Centro Acadêmico da UnB (Universidade de Brasília), ainda na ditadura, com o AI-5 em vigor, e a primeira pessoa que convidei para falar foi Pertence. Já o amava à época. Depois me formei e tive oportunidade de trabalhar em alguns casos com ele. Aí já era um estágio de quase idolatria. Ele, claro, na sua comovente simplicidade, não gostava muito desse ritual.

A vida me deu muitas oportunidades de ficar próximo dele, menos do que eu queria, mas, talvez, na medida certa para não me intrometer na privacidade, que ele tanto prezava. Uma das histórias que me marcou foi em outubro de 1983, época da intervenção em Brasília. O fascista do general Newton Cruz proibiu reuniões no Distrito Federal. Pertence e eu tínhamos um debate marcado na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), à noite. O presidente da Ordem queria desmarcar, em razão da proibição.
Liguei para o Pertence e ele me disse que, naquele momento, o debate era ainda mais necessário. Foi uma noite histórica e marcou minha vida. Eu debatendo com Pertence em um momento de proibição expressa. Ainda naquela noite, o autoritário general mandou invadir a sede da OAB. O objetivo, soube depois, era apreender a fita do evento para nos prender. Os gorilas, idiotas como de estilo, levaram uma fita que foi oferecida pelo querido funcionário da Ordem: uma fita com a música Fuscão Preto. Perdi a chance de ser preso com meu ídolo.
Anos depois, encontrei Pertence nos corredores do Supremo, ele já ministro. Avisou-me de que havia me mandado um convite e de que eu iria ter uma surpresa. Chego em casa e encontro um enorme, quase indecente, símbolo do Atlético Mineiro, com um convite para a entrega da comenda do galo de prata. Essa era a minha única divergência de fundo com ele; eu, cruzeirense de coração. Pensei logo numa vingança: contratei um menino para fazer uma coroa de flores, com o escudo do Cruzeiro, e pedi para entregarem para ele no palco do Automóvel Clube de Belo Horizonte, onde iria ocorrer a solenidade. Ele, distraído que era, levantou a coroa e foi um susto. Estava escrito: “Vossa Excelência não merecia isso”.
Naquela madrugada, ele me ligou, junto com Dudu e Evandro, meus irmãos de vida, e disse: “só pode ter sido você”. Essas são histórias da minha vida pessoal com esse admirável homem brasileiro. As que vão ficar são as que marcaram o momento da redemocratização do país, momento no qual ele teve um papel fundamental pela sua lucidez, coragem e coerência, além, é claro, da sua jurisprudência no STF (Supremo Tribunal Federal). Que falta ele faz ao Supremo e ao Brasil.

Não gosto de enfrentar os desígnios da vida, mas tenho a mais plena certeza de que não é certo ele ir embora. Se existir um outro lugar, ele certamente estará com meu pai, um homem simples, mas a pessoa que mais amei na vida. E seguramente eles vão estar a olhar para nós e por nós. Obrigado, meu querido. Saudades. “Meu Deus, globalizaram o menino.” –Pertence, ao ouvir o agradecimento em inglês de um menino a quem deu esmola em Salvador.
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Geraldo Veríssimo pede desculpas ao prefeito Eraldo Paiva

O presidente da Câmara Municipal de São Gonçalo do Amarante, Geraldo Verissímo, aparece em um vídeo pedindo desculpas ao prefeito Eraldo Paiva. O representante do legislativo, na última sessão, usou palavras de ataque, desqualificando o gestor do Executivo.

O prefeito Eraldo não tem falado diretamente sobre o assunto e preferiu não responder, mas fez questão de, no dia seguinte aos ataques, comparecer à confraternização do São Pedro da Câmara Municipal, na última quarta-feira (28). Ele discursou ao lado de Geraldo Verissimo, em clima amistoso, oportunidade em que o presidente do legislativo reconheceu que usou “palavras ásperas” contra Eraldo e pediu desculpas.

Veja o vídeo!

O dilema de Antígona

Alves Dias de Souza Procurador Regional da República Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL

Sófocles (497-406 a.C.) compõe – ao lado de Ésquilo e Eurípedes – a tríade dos famosos dramaturgos gregos, cujas tragédias (no sentido de gênero teatral/dramático, deixo claro), pelo menos parte delas, chegaram até nós. “Antígona” (441 a.C.) é, provavelmente, a sua peça mais famosa. Para os estudiosos do direito, ela possui aspectos interessantíssimos.

Eis o contexto e parte da trama de “Antígona” (buscando não fazer spoiler, claro): a coisa se passa em Tebas, então em guerra com Argos. Antígona, a personagem-título, é filha da relação incestuosa entre Édipo e Jocasta, assim como o são seus irmãos Etéocles e Polinices, mortos na guerra. Creonte, então o rei de Tebas, proíbe o enterro de Polinices, por considerá-lo um traidor. A isso, Antígona opõe a lei divina ou natural de que todo homem merece sepultamento. A que lei se deve obedecer? Antígona viola a lei positiva, determinada pelo rei de Tebas, e dá exéquias ao irmão Polinices. Por isso, é condenada à morte “enterrada” viva em uma caverna/túmulo. A partir daí, mais mil tragédias recaem sobre todos. Afinal, como dito no meu pequenino exemplar de “Antígona” (Editora Paz e Terra, 1996), com tradução de Millôr Fernandes, “um erro traz um erro. Desafiado o destino, depois tudo é destino”.

A tragédia grega – e a força metafórica que ela carrega em si – é palco para encenação das mais variadas contradições e dilemas humanos: sobre a nossa própria natureza, sobre o amor e a amizade, sobre a religião e a moral, sobre a política e o poder. E, no caso de “Antígona”, mais especificamente, é cenário para se debater uma milenar dicotomia/dilema do direito, entre a “lei positiva”, representada pelos editos do rei Creonte, e a “lei natural”, defendida pela trágica heroína da trama. Uma dicotomia entre o jusnaturalismo e a face mais visível do positivismo, sobre onde repousa a legitimidade do direito.

Na verdade, a concepção de direito natural é antiquíssima e, através dos tempos, é representada, entre outros, por pensadores como Aristóteles, Cícero, Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, Hugo Grotius, John Locke e Rousseau; recentemente, no século XX, podem ser lembrados os nomes de Del Vecchio, Lon Fuller, Ronald Dworkin e John Finnis. Ela quer significar, em linhas gerais e respeitadas as muitas variantes, a existência de um direito fundado na razão ou no mais íntimo da natureza humana, na qualidade de ser individual ou coletivo, ou mesmo na nossa relação com Deus, que preexiste ao direito que é produzido pelos homens ou pelo Estado e que deve ser sempre respeitado. Assim como a maioria das escolas filosóficas, o jusnaturalismo tem seguidores que vão desde ardorosos apóstolos, como São Tomás de Aquino, que desenvolveu uma verdadeira tipologia de direitos baseada na relação entre os seres humanos e o criador, a moderados defensores, como Leon Fuller, que apenas afirma haver princípios preexistentes ao direito positivo e que devem ser considerados em qualquer sistema jurídico.

Já o positivismo jurídico aqui deve ser entendido como uma contraposição à ideia de direito natural. O direito é positivo no sentido de que é criação do homem. Algo como “o comando do soberano apoiado por uma sanção”, como certa vez definiu John Austin. E se os partidários do jusnaturalismo se ocupam do fundamento e da legitimação do direito positivo, baseando sua validade no respeito a princípios e valores absolutos, aos positivistas interessa tão só a averiguação dos pressupostos lógico-formais de sua vigência. Os ideais positivistas, seguindo a lição de H. L. A. Hart, podem ser assim sintetizados: a) o direito identifica-se com mandatos; b) não há, necessariamente, um nexo entre as esferas da moral e do direito; c) a análise do direito deve ser isolada das reflexões de ordem sociológica, ética, econômica e teleológica; d) o caráter lógico do sistema jurídico faz com que as decisões judiciais possam ser alcançadas independentemente de apoio em outros valores como, por exemplo, éticos ou políticos; e) os juízos morais não se assemelham aos juízos a respeito de fatos.

E como esse dilema é enfrentado poeticamente em “Antígona”? Vejamos alguns trechos da peça, claro. Mas apenas na nossa próxima conversa… Paciência. Isso não é uma tragédia.

Marcelo Alves Dias de Souza
Procurador Regional da República
Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL

Diego Américo gira a metralhadora e dá NÃO para meio mundo de gente em Parnamirim

O vereador Diego Américo do PSB, na entrevista aos jornalistas Gilson Moura e Ranier Lira, na liberdade FM, começou dando NÃO para quase todo mundo. Só escapou da flechada do parlamentar, o ex-deputado federal Rafael Mota, os vereadores Wolney França e Gabriel César. O resto levou uma lapada do polêmico vereador.

Na entrevista, Diego Américo, falou dos seus projetos e ações. Aproveitou também, para falar sobre sua convivência com os parlamentares e sua carreira política. Para conferir a entrevista na íntegra, clique AQUI!

Por Blog DO GM