STF começa a julgar fornecimento de remédios de alto custo pelo SUS

O plenário Supremo Tribunal Federal (STF) retomou hoje (22) o julgamento de três processos que devem definir critérios mais claros para o fornecimento de remédios de alto custo pelo Sistema Único de Saúde (SUS), tema acompanhado de perto por milhares de portadores de doenças raras que não têm condições de pagar pelo tratamento.

Todos os processos, do tipo recurso extraordinário, possuem repercussão geral. Isso quer dizer que ao final do julgamento será fixada uma tese que deverá ser aplicada a todos os casos do tipo que tramitem na Justiça brasileira. Há aproximadamente 42 mil ações suspensas ao aguardo de uma definição.

Logo na abertura da sessão, o presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, destacou que pauta desta quarta-feira (22) “é uma das mais relevantes e importantes”. Ele acrescentou que “a pauta que hoje se coloca em debate na Corte buscará contribuir para a parametrização da atuação do judiciário na implementação do direito à saúde”.

Casos

Um dos casos em pauta diz respeito à solidariedade dos entes federados no fornecimento de medicamentos de alto custo a pacientes que obtenham decisão judicial favorável.

Uma primeira tese de repercussão geral, afirmando a obrigação conjunta de municípios, estados e União, já foi definida pelo Supremo, mas nesta quarta os ministros devem julgar embargos de declaração, tipo de recurso para esclarecer obscuridades na decisão, com o objetivo de estabelecer critérios mais claros sobre qual a responsabilidade específica de cada ente federado no fornecimento de remédios caros.

Um segundo caso é sobre a própria obrigação do Poder Público em fornecer medicamentos de alto custo, e um terceiro versa sobre o fornecimento de medicamentos novos, mas ainda não registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e dessa maneira não incorporados pelo SUS.

Segundo dados do Ministério da Saúde, somente a União no ano passado gastou R$ 1,2 bilhão no fornecimento de remédios de altíssimo custo a 1.596 pacientes que conseguiram decisões favoráveis na Justiça.

(EBC)

Pesquisadores descobrem duas novas espécies de vírus

Juntos, a Floresta Amazônica e o Cerrado brasileiro somam mais de sete mil quilômetros quadrados de extensão. Apesar das numerosas investigações científicas em curso nessas regiões, essa vasta dimensão territorial ainda guarda surpresas. Duas delas acabam de vir à tona: cientistas brasileiros identificaram duas espécies de vírus que nunca haviam sido descritas no mundo. Denominados de Xapuri e Aporé, em alusão às remotas localidades do Acre e do Mato Grosso do Sul onde foram localizados, os microrganismos pertencem ao gênero mammarenavírus, da família dos arenavírus. Ainda não existem dados sobre a magnitude da circulação dessas espécies no país e a possibilidade de infecção em humanos também é desconhecida.

As descobertas trazem luz a uma classe de vírus que em nações sul-americanas e da África é responsável por causar quadros de febre hemorrágica, de forma semelhante ao que ocorre na dengue ou na febre amarela. No Brasil, as informações sobre circulação e casos associados aos arenavírus são muito limitadas. “Estamos trabalhando em uma dimensão fundamental da vigilância em saúde, que é a identificação da emergência de novos patógenos. Isso tem um impacto imediato no manejo de casos: se um paciente com febre hemorrágica vive em uma região com circulação de arenavírus, é necessário realizar o diagnóstico diferencial nas ocasiões em que os exames são negativos para arboviroses. Como os arenavírus podem levar a óbito três a cada dez pessoas infectadas é fundamental agir com rapidez”, pontua Elba Lemos, chefe do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e coordenadora do estudo.

Vírus inesperados

A identificação dos vírus teve início a partir de uma investigação comparável a procurar uma agulha em um palheiro. Os cientistas investigavam os roedores das duas regiões, buscando novos microrganismos. A rota de descoberta do Xapuri se deu a partir da coleta de amostras em três cidades acreanas (os municípios de Porto Acre e Rio Branco também compunham a análise). Os pesquisadores identificaram que os exames de um roedor da espécie Neacomys musseri apresentava alterações nunca vistas. Com a realização do sequenciamento completo do vírus e posterior comparação com sequências genéticas disponíveis em bancos de dados públicos, foi possível identificar que se tratava de um mammarenavírus. “No entanto, era necessário responder que vírus era esse e a qual grupo de mammarenavírus pertencia: ao grupo denominado Velho Mundo, que inclui vírus da África e Ásia, ou ao grupo Novo Mundo, formado por patógenos nativos das Américas”, comenta Jorlan Fernandes, primeiro autor da pesquisa e pós-doutorando do Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical do IOC, sob supervisão de Elba.


Da esquerda para a direita, Renata de Oliveira, Jorlan Fernandes, Elba Lemos e Alexandro Guterres (Foto: Josué Damacena)

“Ao perceber que o sequenciamento genético não correspondia a nenhum patógeno catalogado no banco de dados mundial dedicado ao tema – chamado GenBank –, tivemos a percepção de que estávamos diante de um novo vírus”, complementou Alexandro Guterres que também assina o estudo. Nesse momento, ele foi batizado de Xapuri, cidade do interior do Acre onde foi localizado. Outra novidade logo foi observada: apesar de se enquadrar no grupo denominado Novo Mundo, o Xapuri não se encaixava em nenhuma das quatro linhagens já descritas nas Américas: grupos A, B, C e D. “Nossa sugestão é de que o Xapuri seja incluído em uma nova linhagem. Popularmente falando, seria uma linhagem irmã dos grupos B e C, o que pode representar a primeira identificação de um recombinante natural da família dos arenavírus que surgiu de dois grupos de mammarenavírus que não estão intimamente relacionados”, salienta Jorlan.

Risco em avaliação

A segunda descoberta veio do Mato Grosso do Sul. A partir de amostras de um roedor da espécie Oligoryzomys mattogrossae foi possível identificar o vírus Aporé – uma alusão ao rio sul-mato-grossense, local próximo onde a coleta foi realizada. A análise genética indicou que o vírus pertence à classe B dos mammarenavírus. “O Aporé está intimamente relacionado com dois arenavírus capazes de infectar humanos e altamente patogênicos da América do Sul”, conta Jorlan. “No entanto, assim como o Xapuri, ainda não é possível afirmar se esses vírus são ou não patogênicos para pessoas. Será necessário realizar testes específicos”, completa Elba. O sequenciamento genético do Aporé e do Xapuri foram depositados no GenBank.

Pesquisadora do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do IOC, Renata Carvalho de Oliveira explica que um arenavírus é mantido na natureza em roedores silvestres e transmitido a partir da inalação de aerossóis contaminados com partículas de saliva, urina ou fezes de roedores infectados. “Estão sob maior risco de infecção pessoas que se expõem a esses animais durante as suas atividades diárias, profissionais ou recreativas, com destaque para moradores e trabalhadores de áreas rurais”, diz.

O quadro clínico é caracterizado por febre associada com dores musculares, entre outras manifestações, e que evolui com hemorragia, com ou sem sinais neurológicos. “Geralmente com evolução rápida e grave, a doença, que é pouco conhecida até mesmo por profissionais da área da saúde, pode ter desfecho fatal”, acentua Elba. Sem vacina e sem tratamento específico, a prevenção se baseia em evitar ou diminuir a exposição direta ou indireta aos roedores e ao material excretado por eles.

A identificação dos novos vírus foi submetida e aprovada pelo Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus, que regulariza e organiza a descrição, identificação e classificação de vírus. As pesquisas contaram com o apoio dos Laboratórios de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios e de Biologia Computacional e Sistemas do IOC, da Plataforma de Sequenciamento do IOC, do Instituto Nacional do Câncer, do Serviço Nacional de Infecções do Reino Unido e do Instituto Nacional de Doenças Virais Humanas Julio Maiztegui, da Argentina.

(Diário do poder)

Anvisa recolhe 200 lotes de losartana, valsartana e outros remédios para pressão alta; confira a lista

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( Anvisa ) anunciou na quarta-feira (08) que recolheu cerca de 200 lotes de remédios reguladores de pressão arterial após identificar em sua fórmula impurezas que podem causarcâncer . Os medicamentos que tiveram lotes recolhidos são o losartana — o segundo mais vendido no Brasil — e o valsartana. Das 29 empresas analisadas, apenas quatro tiveram lotes considerados contaminados.

( o globo)

Conselho Federal de Medicina aponta irregularidades em hospitais públicos

Fiscalização realizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 506 hospitais públicos, no ano passado, encontrou inconformidades nas unidades desde a falta de materiais e medicamentos básicos até centros cirúrgicos que não tinham área para higienização.

Os dados, divulgados nesta quinta (9), em São Paulo, fazem parte do primeiro levantamento feito pelo conselho após a entrada em vigor do novo Manual de Vistoria e Fiscalização da entidade, em 2016, que estabelece critérios para a fiscalização em centros cirúrgicos, unidades de terapias intensivas, salas de recuperação pós-anestésica e unidades de internação, avaliando as condições estruturais, físicas e de equipamentos.

Na pesquisa, foram analisados 102 centros cirúrgicos, dos quais 3% não contavam com área para higienização das mãos, o que foi classificado como falta grave, “já que essa falha é fonte certa de infecção hospitalar”, de acordo com o CFM.

Nas 102 salas cirúrgicas, 33% não tinham foco cirúrgico com bateria; 22% não tinham negatoscópio para a leitura de imagens; 16% também não contavam com carro para anestesia ou monitor de pressão não invasivo; e 12% não dispunham de equipamentos básicos como fio guia e pinça condutora.

Já 44% não possuíam fonte fixa de óxido nitroso, usado em procedimentos anestésicos, e em 21% também faltava a fonte de oxigênio. Em 43% dos centros cirúrgicos, não havia capnógrafo, aparelho que monitora o dióxido de carbono exalado pelo paciente durante cirurgias, e em 28% faltavam dispositivos para a realização de traqueotomia.

Nas salas de recuperação pós-anestésica, o CFM avaliou que a situação também é de grande precariedade: 28% dos centros cirúrgicos não tinham salas de recuperação pós-anestésica, sendo que em 18% faltavam oxímetros e em 19% não havia carrinhos de emergência. Faltavam ainda medicamentos básicos, como brometo de ipratrópio (15%), escopolamina (15%), diclofenaco de sódio (13%) e haloperidol (12%).

Para o coordenador do Departamento de Fiscalização do CFM (Defis), Emmanuel Fortes, os primeiros resultados das fiscalizações realizadas a partir do Manual de Vistoria e Fiscalização em hospitais, mostram que o CFM, ao ampliar seu arsenal fiscalizatório, pode fazer “um diagnóstico preciso das inconformidades para exigir soluções dos administradores e gestores”.

Ressaltou que, ao fortalecer a fiscalização dos ambientes médicos, o CFM cumpre sua previsão legal e “atende às expectativas dos médicos e da população”.

UTI

A fiscalização também avaliou as condições de permanência dos pacientes em quartos e Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Em 63% das 131 unidades de internação visitadas, foram encontradas camas sem lençóis, superlotação em mais da metade dos quartos (53%), falta de grades nas camas em 21% e de cama regulável em 17%.

Os quartos também não dispunham de biombos ou cortinas para separar um leito de outro (26%), nem de poltrona para acompanhante (15%).

Dos 506 hospitais fiscalizados, 68 tinham UTI, sendo que 32 dessas unidades (47%) não apresentavam monitor de pressão intracraniana (PIC). Em 41% faltava monitor de débitos cardíacos, em 37% inexistia oftalmoscópio e em 31% não havia capnógrafo.

Segundo o conselho, as UTIs fiscalizadas também não estavam preparadas para transportar os pacientes em caso de piora do quadro clínico. Em 35% faltava ventilador mecânico para transporte com bateria, 29% não dispunham de monitor cardíaco para transporte e 21% não dispunham de maca com suporte de cilindro de oxigênio.

Até equipamentos considerados baratos, como relógios e calendários posicionados de forma a permitir a visualização, estavam ausentes em 21% das UTIs.

“Muitas das UTIs fiscalizadas não ofereciam os serviços diagnósticos que se dispunham a oferecer”, concluiu o CFM. Em 34 das unidades que ofereciam o apoio diagnóstico, 44% não dispunham de radiologia intervencionista, 35% não ofereciam ressonância magnética e 29% não tinham exame comprobatório de fluxo sanguíneo encefálico.

Ministério da Saúde diz que repassa recursos

Procurado pela Agência Brasil, o Ministério da Saúde disse, em nota, que repassa mensalmente recursos para custeio de serviços de média e alta complexidade aos fundos estaduais e municipais, cabendo aos gestores locais a melhor gestão e distribuição desses recursos aos estabelecimentos de saúde vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo o ministério, os gestores locais também recebem verbas federais de investimento, de programas e por meio de emendas parlamentares, para aquisição de equipamentos, realização de obras de construção e reforma dos serviços de saúde. Esclarece, ainda, que é de competência do gestor local fiscalizar e fazer a manutenção dos serviços locais.

“Por fim, cabe informar que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabelece padrões para o funcionamento dos serviços de saúde por meio das RDC [Resolução da Diretoria Colegiada] e que estas servem de parâmetros para normatização dos procedimentos referente à vigilância sanitária”, finaliza o Ministério da Saúde.

(Diário do poder)

Nova etapa da Campanha contra a Gripe começa nesta segunda-feira

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe entra em uma nova etapa na próxima segunda-feira (22) em todo o país. A primeira fase, que teve início em 10 de abril, vacinou crianças, gestantes e puérperas. A partir da próxima segunda, o Ministério da Saúde abrirá ao restante do público-alvo.

Dessa forma, poderão receber a vacina trabalhadores da saúde, indígenas, idosos, professores de escolas públicas e privadas, pessoas com comorbidades e outras condições clínicas especiais, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas, funcionários do sistema prisional e pessoas privadas de liberdade.

De acordo com o ministério, 41,8 mil postos de vacinação estão à disposição da população. Além disso, 196,5 mil profissionais estão envolvidos, bem como a utilização de 21,5 mil veículos terrestres, marítimos e fluviais.

A doença

A influenza é uma doença sazonal, mais comum no inverno, que causa epidemias anuais, sendo que há anos com maior ou menor intensidade de circulação desse tipo de vírus e, consequentemente, maior ou menor número de casos e mortes.

No Brasil, devido a diferenças climáticas e geográficas, podem ocorrer diferentes intensidades de sazonalidade da influenza e em diferentes períodos nas unidades federadas. No caso específico do Amazonas, a circulação, de acordo com o ministério, segue o período sazonal da doença potencializado pelas chuvas e enchentes e consequente aglomeração de pessoas.

Até o final de março, antes do lançamento da campanha, foram registrados 255 casos de influenza em todo o país, com 55 óbitos. Até o momento, o subtipo predominante no país é influenza A H1N1, com 162 casos e 41 óbitos. O Amazonas foi o estado com mais casos registrados, com 118 casos e 33 mortes. Por isso, a campanha foi antecipada no estado.

(Diario do poder)

Bebê de São Carlos recebe novo coração em transplante com apenas 10 meses de vida

 

Menina tinha cardiopatia congênita e baixa expectativa de vida. Ela está internada na UTI do Hospital da Criança e Maternidade em São José do Rio Preto (SP).

 

Uma meninade 10 meses de São Carlos (SP) passou por um transplante de coração no Hospital da Criança e Maternidade (HCM) de São José do Rio Preto (SP) na quarta-feira (20). Ela é o bebê mais novo transplantado pela equipe do Serviço de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica (Seccap) do HCM em 17 anos.

A criança, que tinha cardiopatia congênita e baixa expectativa de vida, está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HCM e o estado de saúde dela é estável com evolução positiva, informou o hospital.

No sétimo mês de vida, a menina apresentou problema cardíaco e desde então fazia acompanhamento na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Jardim Santa Paula, em São Carlos. Após exames e encaminhamento, ela foi internada no HCM há três meses.

A mãe da criança, Karina Silva, recebeu a notícia de um novo coração para a filha em 19 de fevereiro. O doador é da capital.

De acordo com o médico Ulisses Croti, chefe do Seccap, o sucesso desses casos está na solidariedade do doador para continuidade de muitas vidas.

Ele ressaltou que mas de 20 mil crianças por ano nascem com algum problema cardíaco no Brasil e destas nem metade recebe tratamento ou cirurgia adequada por falta de vaga e equipes qualificadas.

“Por isso, queremos ampliar nossos trabalhos, para conseguir atender ao máximo de crianças, de maneira plena. E, para isto, também temos de ressaltar a importância da doação de órgãos. A vida depende disto”, disse o médico.

 

G1