Vida e arte em Nuremberg

Marcelo Alves Dias de Souza

Por estes dias, enviei um artigo para a revista da Academia de Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte – ALEJURN analisando, de uma forma mais extensa do que é possível num espaço de jornal, o filme “Julgamento em Nuremberg” (“Judgment at Nuremberg”), de 1961.

Um clássico dos “filmes de tribunal”, do ponto de vista cinematográfico, “Julgamento em Nuremberg” é simplesmente uma película fantástica. Sob a direção de Stanley Kramer, é protagonizado por gente do top de Spencer Tracy, Burt Lancaster, Marlene Dietrich, Judy Garland, Montgomery Clift, Richard Widmark, Maximilian Schell, Werner Klemperer e William Shatner, entre outros. Em 1962, ele foi indicado a onze estatuetas do Oscar, entre elas as de melhor filme, melhor direção, melhor roteiro adaptado, melhor fotografia, melhor direção de arte, melhor ator (duas vezes) e por aí vai. Levou dois prêmios, melhor ator (Maximilian Schell) e melhor roteiro adaptado (para Abby Mann), aos quais se somaram alguns globos de ouro. Ao mesmo tempo “film d’acteurs” e “film à thése”, “Julgamento em Nuremberg” dramatiza um acontecimento verídico – na verdade, uma parte dele, e mesmo assim com muita liberdade, já que estamos falando de ficção –, o “julgamento dos juízes” pós-2ª Guerra Mundial, em que, embora não fossem eles as maiores autoridades do sistema de justiça nazista (estas estavam já falecidas), nove membros do Ministério da Justiça do Reich e sete membros de tribunais do povo e de tribunais especiais foram acusados de abusar dos seus poderes de promotores e juízes para cometer crimes de guerra e crimes contra a humanidade, fomentando e autorizando a perseguição racial e horrendas práticas de eugenia, entre outras coisas, levando à prisão e à morte inúmeros inocentes. O julgamento durou de 5 de março a 4 de dezembro de 1947. Dez dos acusados foram condenados, quatro absolvidos e dois acabaram não julgados.

E foi com a repercussão do envio do artigo que mais uma vez observei algo curioso na relação arte e vida, ficção e fato. Embora o “julgamento dos juízes” não tenha sido nem de longe o mais importante dos julgamentos então acontecidos na cidade de Nuremberg, ele é hoje, pela força de Hollywood, um dos mais badalados. A versão supera os fatos; a arte, muitas vezes, a vida.  

De fato, os “julgamentos de Nuremberg”, decorrentes dos horrores acontecidos na 2ª Guerra Mundial, começaram em 20 de novembro de 1945 e terminaram em 13 de abril de 1949. O principal julgamento, o primeiro deles, teve fim em 1º de outubro de 1946 e concentrou-se na suposta cúpula do regime nazista. Vinte e quatro líderes foram indiciados/denunciados, vinte e um réus acabaram sendo ali julgados, gente como Hermman Goering, Ruldof Hess, Joaquim von Ribbentrop, Alfred Rosenberg, Albert Speer e Franz von Papen, que dispensam apresentações, e até militares como Erich Raeder, Wilhelm Keitel, Alfred Jodl e Karl Dönitz.

A ideia, deveras louvável em termos civilizatórios, era de que, com esses julgamentos, os nazistas seriam severamente punidos, mas de uma maneira digna, o que serviria de exemplo para a posteridade. Como lembra Paul Roland (em “The Nuremberg Trials: the Nazis and their Crimes against Humanity”, Arcturus Publishing, 2010), “os julgamentos não fizeram do mundo um lugar mais seguro, nem eles erradicaram a injustiça, a perseguição religiosa e racial, a escravidão, a tortura e o genocídio. Entretanto, os julgamentos de Nuremberg estabeleceram um precedente no sentido da punição dos responsáveis por crimes que a comunidade internacional considera intoleráveis – onde e por quem quer que eles tenham sido cometidos. Depois de Nuremberg, nenhum chefe de Estado pode alegar estar acima do direito e indivíduos não podem mais evadir-se de suas responsabilidades escondendo-se atrás da impessoalidade da administração à qual serviram. A limpeza étnica, a guerra selvagem e os responsáveis por esses males/crimes são agora puníveis sob o direito internacional. Nós agora temos claros códigos de conduta onde uma vez havia incerteza e ambiguidade. Militares não podem mais alegar que foram forçados a cometer crimes sob coação, nem podem se fiar na [antes tão comum] tese de que foram simplesmente obrigados a cumprir ordens superiores”.

Embora tenha sido apenas no primeiro julgamento que as quatro grandes potências aliadas (EUA, Reino Unido, França e União Soviética) estiveram oficialmente representadas com seus respectivos julgadores, subsequentemente, a partir de 9 de dezembro de 1946, foram levados a cabo, pelos americanos, mais doze julgamentos de criminosos de guerra nazistas de suposta menor relevância. E o nosso real e dramatizado “julgamento dos juízes” foi, anote-se, apenas um deles.

Marcelo Alves Dias de Souza
Procurador Regional da República
Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL
Membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras – ANRL

Inédito: Prefeito Allyson abre mês de junho com “Virada Junina” no Corredor Cultural

O prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra, abriu a temporada do mês de junho com uma novidade: a Virada Junina, fazendo contagem regressiva do sábado (31), para o domingo, 1º. O evento é inovador e inédito na história da cidade e do Mossoró Cidade Junina.

Quadrilhas juninas, artistas mossoroenses e o público se uniram em festa no Corredor Cultural, em frente ao Teatro Municipal Dix-Huit Rosado.

“O mês de junho chegou e com ele muita alegria, tradição e a cultura do nosso povo cada vez mais viva. Vem aí um mês de junho com grandes programações artísticas e culturais. Mossoró já respira o Mossoró Cidade Junina”, afirmou Allyson.

O Mossoró Cidade Junina vai de 7 a 28 de junho em diversos polos com artistas nacionais e regionais. O evento começa com o Pingo da Mei Dia no Corredor Cultural a partir das 12h do sábado, dia 7 de junho.

Confira o vídeo abaixo!

Homem com mandado por tráfico é preso na Cidade Alta, em Natal

A Polícia Militar do Rio Grande do Norte, por meio do Comando de Policiamento Rodoviário Estadual (CPRE), realizou neste sábado (31) mais uma ação exitosa no combate à criminalidade na capital potiguar. Durante patrulhamento no bairro de Cidade Alta, zona Leste de Natal, equipes do Tático Operacional Rodoviário (TOR/BPRv) capturaram um homem de 26 anos com mandado de prisão em aberto.

A ordem judicial foi expedida pela 2ª Vara Regional de Execução Penal e refere-se ao crime de tráfico de drogas. A captura ocorreu durante intensificação do policiamento ostensivo na região.

Após a abordagem e confirmação do mandado, o indivíduo foi conduzido à Central de Flagrantes da Polícia Civil para os procedimentos legais e posterior recambiamento ao sistema prisional.

PARNAMIRIM: Prefeitura reforma e entrega mais um CMEI

A Prefeitura de Parnamirim, através da Secretaria Municipal de Educação (SME), realizou na tarde desta sexta-feira (30) a reinauguração do Centro Municipal de Educação Infantil Eugênia Palhares, que passou por grande revitalização em sua estrutura. Na solenidade, esteve a prefeita Nilda Cruz, as secretárias da Educação Eliza Toscano, Macia Regina e Heloísa Chagas, além do corpo gestor da escola, pais e os alunos.

O Cmei há anos enfrentava problemas em sua estrutura, e hoje, foi entregue totalmente revitalizado, para que seja um ambiente acolhedor e seguro para nossas crianças e toda a equipe que compõe o corpo gestor da escola. “É com muita felicidade que estamos recebendo a nossa instituição de ensino restaurada, não são apenas melhorias estruturais e reparos, nossa escola se transformou num ambiente que irá contribuir para uma educação pública de qualidade”, relatou Anne Morais, Coordenadora Pedagógica do CMEI.

Essa é mais uma conquista para a atual gestão da professora Nilda, que em 5 meses de prefeitura reinaugura o segundo CMEI e, tem trabalhado cada vez mais para entregar uma cidade estruturada permitindo uma vida digna para o povo parnamirinense.

“Gostaria de parabenizar a equipe do CMEI, que com todos os problemas estruturais, não permitiram a interrupção do processo de ensino-aprendizagem. Eu me sinto honrada de estar aqui hoje, pois eu também sou mãe, eu sou fruto da escola pública e conhecedora do chão da escola pública da nossa Parnamirim, então eu sei o quanto este CMEI reformado é importante para quem trabalha aqui hoje”, disse Nilda.

Confira mais fotos abaixo!

Mês de Junho Chegou! Vamos falar de FORRÓ

Registro do sanfoneiro Jean Xavier, Quinho Oliveira (zabumba) e Emanoel (triângulo), no Arraiá dos Amigos em Parnamirim.

O mês mais esperado e animado do ano para os nordestinos, finalmente começou. Este é o principal momento da maratona de forró nas festas juninas no Nordeste. Com o início das comemorações, é quase impossível ouvir algum tipo de música diferente nesta época nas cidades que se transformam em principais focos da festa. Junho é o mês do forró, período de reencontro, de fogueiras, época muito aguardada por boa parte dos brasileiros, pois trata-se da maior tradição do sertão nordestino.

Mas, junto com as tradicionais festas juninas há também muitas dúvidas sobre como esses eventos se difundiram no Brasil e como os elementos que os formam surgiram, a exemplo do forró, estilo musical e de dança muito utilizados nesta época. O forró como elemento tradicional na cultura brasileira, revela as suas origens e a relação que o ritmo possui com as festas que embalam milhões de brasileiros no sexto mês do ano.

Origem das festas juninas

Resume-se a festas juninas todas as homenagens feitas aos três santos católicos no mês de junho, são eles Santo Antônio, São João e São Pedro. Como o Brasil foi colonizado pelos portugueses e esses eram, majoritariamente, católicos, as crenças e tradições deste povo foram implantadas na colônia. A história dessas festas remonta uma passagem bíblica que retrata a relação de Maria e sua prima Isabel.

As parentes e amigas costumavam se visitar e em uma destas ocasiões, Isabel informou a Maria que estaria esperando um bebê, o qual posteriormente viria a se chamar João Batista. Como na época não havia telefone e nem meios para se comunicar de forma imediata, elas combinaram de que quando a criança nascesse, Isabel iria fazer uma fogueira grande para ser vista de longe. E assim aconteceu, quando Maria encontrou Isabel no dia 24 de junho a recém mãe estava com seu filho no braço.

A partir disso, o dia 24 de junho ficou marcado como o dia de João Batista, mais conhecido como dia de São João. Um fato curioso é que a igreja católica possui muitos santos e por isso foi criado um dia em homenagem a todos eles, o dia 1º de novembro. Porém, alguns deles recebem mais destaque, como o caso de São João que divide o sexto mês do ano com mais outras duas entidades importantes para os católicos, Santo Antônio e São Pedro.

Desta forma, quando os jesuítas vieram ao Brasil nos navios portugueses, passaram a ensinar aos povos, que já habitavam a colônia, as tradições católicas, incluindo as festividades em homenagem aos santos. O interessante é que os indígenas também cultuavam elementos da religião deles nesta mesma época do ano, assim como os africanos que viram nessas festas católicas uma forma de cultuar os seus orixás repreendidos pelos portugueses. A mistura desses três povos deu origem as tradições brasileiras.

Como o forró surgiu no Brasil?

Enquanto o surgimento do São João tem um marco definido, o do forró são fundamentados por várias suposições de como esse elemento cultural se instalou no Brasil. De acordo com uma publicação do Portal EBC/Agência Brasil, este ritmo tem origens africanas. Para o historiador e folclorista potiguar Luis da Câmara Cascudo, a palavra deriva do termo forrobodó que é de origem africana e significa: arrasta-pé, farra.

Contudo, outros estudiosos acreditam que forró é oriundo da língua inglesa, pela expressão “for all”, “para todos” em português. Isto porque, no século XX os ingleses estavam empenhados na construção da ferrovia em Pernambuco e para distrair os trabalhadores, promoviam festas com esse mesmo nome em inglês. O que na versão nordestina e “aportuguesada” ficou como forró.

Em 1937 surge a primeira evidência concreta do estilo musical, com a canção “Forró na Roça”, de Manoel Queiróz e Xerém. Porém, é com Luiz Gonzaga, no início da década de 1950, que o forró se tornou um ritmo conhecido em todo o Brasil. Mestre Luis Gonzaga, Sivuca, Genival Lacerda, Marinês e Dominguinhos são ícones desse gênero musical.

Relação entre forró e festa junina

Com toda mistura de povos e tradições no Brasil colonial, as expressões culturais que os portugueses tentavam impor sofriam com a miscigenação. Desta forma, as festas juninas tradicionais foram sendo adaptadas. 

É festa na cidade toda”: Confira a programação de São João em Natal - Ponta Negra News

A culinária, por exemplo, passou a ter elementos indígenas, contando com milho em muitos dos pratos servidos na festa. Outro elemento que integrou essas festividades foi o forró, ritmo introduzido principalmente pela região Nordeste e que teria sido influenciado pelas culturas afro e indígena.