Prefeitura de São Gonçalo do Amarante oficializa a pavimentação de três importantes ruas no bairro Santa Terezinha

Em um passo significativo rumo à melhoria da infraestrutura urbana, a Prefeitura de São Gonçalo do Amarante oficializou hoje a assinatura da Ordem de Serviço para a pavimentação de três ruas essenciais no bairro Santa Terezinha. O evento foi conduzido pelo Prefeito do Município, Eraldo Paiva, em uma cerimônia que marcou o comprometimento da administração municipal com a qualidade de vida dos moradores locais.

As vias contempladas são a Rua Mestre Pedro Guajiru, Rua José Bento de Oliveira e a Rua Olinto José Rodrigues, que totalizam cerca de 7 mil metros quadrados de área pavimentada.

O projeto de pavimentação assume uma relevância especial devido ao contexto prévio das ruas, onde a ausência de asfalto aliada à falta de sistema de drenagem gerava alagamentos constantes, prejudicando a rotina e a qualidade de vida dos moradores durante períodos chuvosos.

“Este é um momento importante para São Gonçalo do Amarante, especialmente para os moradores do bairro Santa Terezinha. Estamos comprometidos em proporcionar infraestrutura de qualidade, garantindo mais dignidade e conforto para todos. A pavimentação dessas ruas não só irá melhorar a mobilidade, mas também vai solucionar problemas antigos de alagamento, trazendo mais tranquilidade para as famílias que aqui residem”, declarou o Prefeito Eraldo Paiva durante a cerimônia.

A prefeitura já está em andamento com um serviço de drenagem nessas ruas, visando minimizar os transtornos enfrentados pelos moradores nos períodos chuvosos. Tal ação é vista como um pré-requisito essencial para garantir a efetividade e durabilidade do novo pavimento.

Margareth Silva, moradora da Rua Olinto José Rodrigues, compartilhou sua experiência em relação à situação anterior da rua: “Viver em uma rua de barro era um desafio diário, especialmente quando chovia. A água entrava em casa, causando muitos danos. Estamos muito gratos por finalmente vermos a pavimentação se tornar realidade. Isso vai mudar nossas vidas.”

A expectativa é de que a pavimentação traga não só melhorias na mobilidade, mas também benefícios significativos para a qualidade de vida dos moradores, proporcionando um ambiente mais seguro e confortável.

Escrever, terapia e mística

Padre João Medeiros Filho

Em determinados momentos, terapeutas e orientadores espirituais de diferentes matizes psicológicos ou religiosos aconselham pacientes e orientandos a registrar seus sentimentos.  Nascem daí poemas, diários,romances, crônicas, autobiografias etc. Um dos propósitosé ajudar a lidar com emoções que assaltam a mentehumana. Por vezes, escrever torna-se um instrumento de resistência diante de sofrimentos, que ultrapassam o suportável, ameaçam o equilíbrio psíquico e a continuidade da própria vida. Há milênios, Deus dissera ao profeta Jeremias: “Escreve num livro todas as palavras” (Jr 30, 2).

Assim agiram pessoas, em meio ao horror do holocausto. Na escrita, encontraram um modo de continuar vivendo diante da dor e ameaça de morte iminente. Foi o caso de Edith Stein, convertida ao cristianismo e canonizada pela Igreja Católica. o exemplo da filósofa Simone Weil. Faleceu aos 34 anos, legando-nos uma obra de dezenove volumes, destacando-se “Attente de Dieu (Espera de Deus). Inclui-se, dentre elas, Etty Hillesum, morta com apenas 29 anos, em Auschwitz. Deixou-nos três tomos de um diário e inúmeras cartas, as quais impressionam pela profundidade de suas manifestações místicas. Sua produção literáriamotivou a brilhante pesquisa de Michael Davide,intitulada Etty, humanidade enraizada em Deus. ODiário de Anne Frank foi leitura indicada em colégios religiosos, nas décadas de 1950 e 1960. Anne passou meses escondida no porão de um prédio, em Amsterdam. Durante esse tempo, escreveu suas memórias. Após sua morte em Bergen-Belsen, a obra foi reconhecida mundialmente como um hino de fé na humanidade diante das ingentes atrocidades perpetradas pelo nazismo.

Escrever tem sido o caminho encontrado por muitospara lidar com o sofrimento e o luto. Assim aconteceu com Joan Didion, cuja saúde se fragilizava pela tristeza com a enfermidade de sua filha Quintana. Em seu livro O ano do pensamento mágico, pode-se encontrar reflexões sobre a limitação humana, a doença e a própria morte. Escrevendo, Joan encontrou forças para enfrentar aangústia, a tristeza, o luto e continuar vivendo. Assim conclui: “Sem a escrita, não teria sido possível a superação do infortúnio.”

A escuta de si mesmo, colocada em textos, é algo que o homem pratica, há séculos e em várias circunstâncias. Autores de ficção projetam seus tormentos e inquietudesnos personagens por eles criados. Deste modo, exorcizam medos e ajudam os leitores a identificá-los, aprendendo a viver com eles. Em situações difíceis, escrever é a maneira que muitos encontram para resistir aos opressores e eventualmente vencê-los. O texto literário carrega a experiência da aflição e do desespero.  Registraigualmente a esperança que conserva a vida, mesmo sob a espada inexorável da morte ou destruição. Belíssimosescritos são produzidos por autores em regimes de exceção, ditaduras, exílios, privação de liberdade. Graciliano Ramos em Memórias do Cárcere emocionou seu defensor Sobral Pinto. Em circunstâncias análogas de prisão, pode-se citar Miguel de Cervantes com Dom Quixote, Oscar Wilde em “De profundis” etc.

Isabel Allende, vendo sua filha em coma, afirmou: “O meticuloso exercício de escrever torna-se nossa salvação.” Quem decide redigir, mesmo sob a arrogância de outrem, reafirma a força da vida, que teima em acontecer sob a navalha da violência. O escrito produz algo que servirá de legado às gerações futuras. Importa gravar as próprias experiências e oferecê-las, como espaço no qual outros poderão refletir suas perplexidades e alegrias. Diante da efemeridade da existência, a escrita é terapêutica por ser algo que se fixa para não desaparecer. Nos casos mencionados, a morte ou o tempo interrompeu a vida, mas o texto faz reviver seus atores e autores.  O livro não deixa perder na noite do tempo preciosas vivências e resistências. Com ele, outros aprenderão.  A leitura será uma visita dolorosa ou aprazível, produzidapor aqueles que viveram e narram os fatos.  Poder-se-áevitar a repetição de tragédias e dramas.  E a criar universos novos, em que a vida triunfe sobre a morte. Jeremias fez dos pergaminhos sua grande terapia, clamando ao Altíssimo: “Cura-me, Senhor, e ficarei curado. Salva-me, e serei salvo, porque Tu és a minha glória e meu refúgio” (Jr 17,14; 16).