Economia brasileira reage e PIB avança 7,7% no terceiro trimestre

A economia brasileira avançou 7,7% no terceiro trimestre de 2020 em relação ao trimestre anterior.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O avanço faz o país sair da recessão técnica após dois recuos nos trimestres anteriores.

Em números brutos, o PIB somou R$ 1,891 entre julho e setembro. No segundo trimestre, o Produto Interno Bruto foi de R$ 1,653 trilhão

A flexibilização das medidas de isolamento social, defendida por Bolsonaro e Guedes, impulsionou a atividade econômica entre julho e setembro.

Conexão Política

Dólar fecha no menor valor desde julho; Ibovespa vai aos 112.291 pontos

O dólar fechou com queda de 1,94% nesta 5ª feira (3.dez.2020), aos R$ 5,14. Esse é o menor valor da moeda desde 22 de julho deste ano. O Ibovespa, principal índice da B3, registrou alta de 0,37%, aos 112.291 pontos.

Os mercados operaram com otimismo durante a maior parte do dia com o avanço no calendário para a vacinação contra a covid-19. Há expectativa de que a autorização seja aprovada nos Estados Unidos próxima semana. E na Europa, até o fim do ano. O Reino Unido já deu o 1º passo nesta 4ª feira (2.dez.2020).

O Ibovespa chegou a ter alta de 1,34%, aos 113.377 pontos, antes do anúncio. O dólar tombou para até R$ 5,12.

As empresas ligadas às atividades de turismo e viagens puxaram a alta. As ações da Embraer subiram 11,05%. Gol e CVC, 8,79% e 7,55%, respectivamente.

‘Crise’ – Este é o maior desafio do Brasil depois da pandemia, segundo o FMI

A pandemia não tem data para acabar, mesmo depois que vacinas forem aprovadas. Os efeitos da crise para o Brasil, menos ainda. É o que indica novo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o Brasil divulgado nesta quarta-feira.

Para os diretores da organização que analisaram a situação do Brasil, um dos principais desafios será a recuperação do mercado de trabalho, com a taxa de desemprego já passando dos 14% mesmo com o auxílio emergencial ainda em vigor.

A recuperação, escreve o FMI, não será como nas outras crises: desta vez, as transformações digitais geradas pela pandemia podem fazer com que a geração de empregos não abarque toda a população que precisa voltar ao mercado. Os empregos vão voltar, mas não como antes: enquanto o número de desempregados subiu 36% no Brasil durante a pandemia, as vagas para tecnologia se multiplicaram.

“Os movimentos na direção de um trabalho mais intensivo em tecnologia, mais trabalho remoto e automação, intensificados pelo choque da covid-19, podem trazer complicações adicionais à recuperação do mercado de trabalho, à medida em que grupos vulneráveis são deixados para trás com a transformação estrutural”, aponta o relatório, afirmando que os riscos dessa vez “vão além de recessões anteriores”.

O cálculo do FMI com base no comportamento anterior do mercado de trabalho brasileiro aponta que o Brasil deve sofrer um “aumento duradouro do desemprego”, ainda que o nível de atividade dos trabalhadores volte a melhorar em meados de 2021 — a tendência é que muita gente volte a trabalhar, mas sem necessariamente maior empregabilidade. Antes da crise, o Brasil tinha mais de 40% da massa de trabalhadores no mercado informal.

“Essa herança de trabalhadores informais observada no Brasil ao longo dos últimos anos complica a situação do nosso mercado de trabalho [na crise]”, disse em entrevista anterior à EXAME o economista Helio Zylberstajn, da Universidade de São Paulo. Trata-se de um contingente que, em momentos de crise, é mais sujeito a perder a renda de uma hora para a outra. Boa parte dos postos perdidos na crise de 2008 era de funções repetitivas ou que exigiam baixa capacidade cognitiva. Agora, a crise da covid acelerou como nunca o processo.

O setor de serviços, em áreas como turismo e relacionados (como os serviços em cidades turísticas), pode ser afetado para muito além de 2020. O risco é que as pessoas e regiões que dependem desses setores fiquem desempregadas por muito tempo e sem conseguir mudar de setor. O setor de serviços é o que mais emprega no Brasil, mais de dois terços da população, segundo o IBGE.

O FMI também lembra no relatório que o Brasil sequer havia se recuperado da crise anterior que afetava o mercado de trabalho. Mesmo antes da pandemia, a taxa de desemprego já passava de 12% (nos EUA, a título de comparação, estava em menos de 4% antes da pandemia, uma baixa histórica, uma vez que o mundo desenvolvido já havia se recuperado da crise de 2008).

O relatório do FMI traz elogios à resposta brasileira à pandemia, apontando a importância de programas como o auxílio emergencial, a política de redução de juros do Banco Central e o crédito a pequenas empresas (ainda que, internamente, o programa tenha sido considerado insuficiente pelos empreendedores).

O FMI estima que, sem o auxílio emergencial, o contingente de pessoas em situação de pobreza teria ido de 6,7% para 14,6%; com o auxílio, a pobreza no Brasil na verdade diminuiu temporariamente, para 5,4%. O auxílio impediu entre 14 e 23 milhões de pessoas de ficarem abaixo da linha da pobreza.

Por isso, o Brasil terá ainda o desafio de garantir que a pandemia não amplie ainda mais a desigualdade no país. “Quando o auxílio emergencial espirar no fim do ano, uma melhoria substancial será necessária no mercado de trabalho para evitar um aumento elevado da pobreza e desigualdade”.

O Brasil — como os economistas daqui bem sabem –, vive uma encruzilhada entre manter ou não o auxílio emergencial ou alguma forma de auxílio parecida, como uma ampliação do Bolsa Família. A opção de ampliar o Bolsa Família em vez de criar um novo programa está agora no radar do governo. “Retirar as políticas públicas relacionadas à covid de forma prematura poderia enfraquecer a recuperação, enquanto manter o apoio por muito tempo pode exacerbar os riscos relacionados à sustentabilidade da dívida”, aponta o FMI.

Enquanto a hora da decisão não chega para o governo, a economia brasileira colheu os benefícios do auxílio e de outras políticas e se recuperou “melhor do que o esperado” nos últimos meses, com crescimento de setores como varejo e indústria por cinco meses consecutivos a partir de maio após quedas bruscas em março e abril. O FMI também aponta que a inflação se manteve sob controle e que o Brasil tem nível alto de reservas internacionais.

A projeção do FMI é que a economia brasileira caia 5,8% neste ano, estimativa mais pessimista do que a do próprio governo brasileiro e dos analistas ouvidos para o boletim Focus desta semana, que projetam queda de 4,5%.

Apesar da resposta necessária à pandemia, os riscos fiscais seguem sendo uma preocupação. Diante do aumento dos gastos para atenuar os efeitos da pandemia, o déficit primário do setor público (excluindo o setor financeiro público) deve sair de 1% do PIB em 2019 para mais de 11% em 2020. A dívida pública também deve passar de 100% do PIB e se manter assim no médio prazo.

Além disso, o relatório chama atenção para um aumento da “polarização política” neste segundo semestre do ano e um atraso na agenda do Congresso para implementar reformas que eram esperadas para 2020.

A agenda do Congresso foi atrasada pelas eleições municipais, a proximidade das eleições para a sucessão da Presidência da Câmara e do Senado e a falta de um acordo entre as casas e a base do governo, majoritariamente formada por alguns partidos do Centrão. Antes das eleições, a Câmara passou semanas sem votar temas importantes. O relatório defende a urgência de uma reforma tributária e de agendas como as privatizações.

EXAME

Itaú vende metade de suas ações do Carrefour após morte de João Alberto

Foto: Divulgação

Desde que João Alberto Silveira Freitas foi morto no estacionamento de uma unidade do Carrefour em Porto Alegre, muitos no mercado financeiro se perguntam sobre a confiabilidade da governança da empresa e sobre a manutenção dos investimentos em longo prazo na rede francesa. Pois, aparentemente, o Itaú já tomou a decisão de diminuir sua exposição ao Carrefour.

Somente na terça-feira, 24, o Itaú vendeu quase 8 milhões de ações das 17 milhões que detinha até aquela data, segundo dados coletados da Bloomberg. Restou 53% da posição. Segundo estes dados, o Itaú foi o único entre os maiores investidores do Carrefour a vender ações de forma tão expressiva após a morte de João Alberto.

Questionado sobre o motivo que levou a reduzir sua participação tão bruscamente, o Itaú preferiu não comentar. “Para preservar as estratégias de investimento e o melhor interesse dos nossos cotistas, a Itaú Asset Management não pode se manifestar sobre as operações dos fundos”.

Veja

Como o aumento da taxa de desocupação se relaciona à retomada da economia

Indicadores econômicos servem como um termômetro da economia, e a melhora em diversos destes termômetros, como mostra reportagem de VEJA desta semana, aponta que a pior parte do choque causado pela pandemia do novo coronavírus ficou para trás. Porém, cada vez mais ficam claros os desafios para a retomada sustentável da economia, que passam por um estado menos burocrático. Parte desse desafio pelo aumento de produtividade é refletido no emprego, motor do desenvolvimento.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta sexta-feira, 27, a taxa de desocupação bateu 14,6% no terceiro trimestre do ano. No período encerrado em setembro, 14,1 milhões de pessoas estavam desempregadas.

Por mais mais que soe estranho, a explicação para o aumento da taxa de desemprego está diretamente ligada a recuperação da economia e, por isso, era esperada. Com atividades voltando a funcionar e os indicativos de melhora, mais gente passou a procurar emprego. A taxa de desocupação do IBGE considera desempregados somente aqueles que ativamente procuram por uma vaga. “Uma grande parte das pessoas ficaram sem sair de casa e estavam fora do mercado e, assim, elas não são contadas, Mas, com esse reaquecimento, muita gente decidiu voltar a procurar, vendo que há contratações sendo feitas. Com mais gente procurando emprego, o indicador de desocupação sobe”, explica Hélio Zylbestajn, professor da USP e pesquisador da Fipe.

A analista da Pnad Contínua, Adriana Berimguy, vai na mesma linha. Segundo ela, o aumento na taxa de desemprego reflete a flexibilização das medidas de isolamento social para controle da pandemia de Covid-19. “Houve maior pressão sobre o mercado de trabalho no terceiro trimestre. Em abril e maio, as medidas de distanciamento social ainda influenciavam a decisão das pessoas de não procurarem trabalho. Com o relaxamento dessas medidas, começamos a perceber um maior contingente de pessoas em busca de uma ocupação”, explica.

No período, a taxa de desocupação subiu em dez estados e ficou estável nos demais. As maiores taxas foram na Bahia (20,7%), em Sergipe (20,3%) e em Alagoas (20,0%). Já a menor foi registrada em Santa Catarina (6,6%). Os maiores crescimentos da taxa de desocupação foram registrados na Paraíba (4 p.p.), no Amapá (3,8 p.p.) e em Pernambuco (3.8 p.p.).

Os dados apontam que, por mais que haja retomada, o emprego é um dos grandes desafios a serem enfrentados. De acordo com a Pnad, o contingente de ocupados reduziu 1,1% na comparação com o segundo trimestre, totalizando 82,5 milhões de pessoas, o menor patamar da série histórica iniciada em 2012. Houve uma retração de 883 mil pessoas. Com isso, o nível de ocupação foi de 47,1%, também o menor da série, uma queda de 0,8 ponto percentual frente ao trimestre anterior (47,9%). Desde o trimestre encerrado em maio, o nível de ocupação está abaixo de 50%, o que aponta que menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país.

Sinais de retomada

A maioria das atividades apresentou fechamento de vagas, mas houve reação de suas: A construção civil registrou aumento de 7,5%, o que representa 399 mil pessoas a mais trabalhando no setor. Já na agricultura a alta foi de 3,8%, com mais 304 mil trabalhadores. De acordo com a pesquisadora do IBGE, os dados da construção refletem um movimento de retomada que pode acontecer com outras atividades nos próximos meses. “A atividade da construção foi a que mais aumentou no período. Isso porque pedreiros ou outros trabalhadores conta própria, que tinham se afastado do mercado em função do distanciamento social, retornaram no terceiro trimestre com a reabertura das atividades e a demanda por pequenas obras, como reformas de imóveis”, explica Beringuy.

A retomada é lenta, mas é possível ver reação no mercado informal, que é o primeiro a voltar. A taxa de informalidade foi de 38,4% no trimestre encerrado em setembro, o que equivale a 31,6 milhões de pessoas sem carteira assinada (empregados do setor privado ou trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores ou empregados por conta própria) ou trabalhadores sem remuneração. No trimestre anterior, esse percentual foi 36,9%.

Outro indicador de emprego, o Caged, medido pelo Ministério da Economia, mostra aquecimento das contratações formais. Em outubro, houve a criação de quase 400 mil vagas formais, o maior dado desde 1992. Vale ressaltar, entretanto, que Caged e Pnad tem diferenças metodológicas e, por isso, não devem ser comparados. Enquanto o Caged compila dado de trabalhadores CLT admitidos e desligados em determinado mês, a Pnad realiza pesquisa domiciliar por amostragem e também leva em consideração o setor informal.

Veja

Economia Inflação da construção fica em 1,29% em novembro

Foto: José Paulo Lacerda/CNI/Direitos reservados

O Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-Mregistrou inflação de 1,29% em novembro deste ano. A taxa é inferior ao 1,69% observado em outubro, de acordo com dados divulgados hoje (25) pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

O INCC-M acumula taxas de inflação de 7,71% no ano e de 7,86% em 12 meses.

Os materiais e equipamentos registraram inflação de 2,85% em novembro, abaixo dos 4,12% de outubro. Por outro lado, os serviços e a mão de obra tiveram alta da taxa de inflação.

A inflação dos serviços subiu de 0,33% em outubro para 0,73% em novembro. Já a taxa da mão de obra passou de 0,19% para 0,24%.

Agência Brasil

Arrecadação federal soma R$ 153,9 bilhões em outubro

A arrecadação total das receitas federais atingiu, em outubro, R$ 153,938 bilhões, um crescimento real (descontada a inflação) de 9,56% em relação ao mesmo mês de 2019. Os dados foram divulgados hoje (24) pela Receita Federal. O crescimento é explicado pelo pagamento de tributos que haviam sido adiados como medida de enfrentamento à crise gerada pela pandemia do novo coronavírus (covid-19).

As Receitas Administradas pela Receita Federal, como impostos e contribuições federais, arrecadaram em outubro R$ 146,081 bilhões, aumento de 12,31%. De janeiro a outubro, a arrecadação alcançou R$ 1,132 trilhão, queda de 9,06%. Em outubro, o volume de pagamentos de tributos que haviam sido adiados chegou a R$ 16,252 bilhões.

As receitas administradas por outros órgãos, principalmente royalties do petróleo, somaram R$ 7,857 bilhões, com queda de 24,64% em relação a outubro de 2019.

Segundo a Receita, no mês passado o Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) apresentaram uma arrecadação conjunta de R$ 33,453 bilhões, o que representa um acréscimo real de 19,97%.

“Esse resultado pode ser explicado pelo acréscimo real de 7,4% do volume de vendas e pelo decréscimo real de 7,2% no volume de serviços [dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE] em setembro de 2020 em relação a setembro de 2019”, disse a Receita, em relatório.

Também houve recolhimento de parcelas adiadas anteriormente, relativas a maio de 2020, e aumento nominal de 137% no volume das compensações tributárias.

A Receita Previdenciária teve arrecadação de R$ 42,019 bilhões, o que representa acréscimo real de 15,01%. “Esse desempenho é explicado pelo pagamento dos diferimentos [adiamento] do Simples Nacional relativo ao mês de abril de 2020, da Contribuição Previdenciária Patronal relativo ao mês de maio de 2020 e dos parcelamentos especiais relativos ao mês de junho de 2020 e pelo aumento das compensações tributárias com débitos de receita previdenciária”, diz relatório da Receita.

O Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) totalizaram no mês de outubro uma arrecadação de R$ 31,889 bilhões, com crescimento real de 17,97%.

Resultado acumulado

No acumulado de janeiro a outubro, a arrecadação alcançou R$ 1,180 trilhão, queda real de 9,45%.

O resultado foi “bastante influenciado” pelos diferimentos, que são o adiamento para o pagamento do tributo. Esse adiamento foi uma das medidas adotadas pelo governo para o enfrentamento da crise econômica gerada pela pandemia da covid-19

Esses adiamentos somaram mais de R$ 48 bilhões de janeiro a outubro. As compensações tributárias (ressarcimentos do Fisco aos contribuintes) cresceram 57% ao acumular R$ 131,436 bilhões.

Entre os destaques da Receita para o período de janeiro a outubro, a Cofins e o PIS/Pasep apresentaram arrecadação conjunta de R$ 232,154 bilhões, com queda real de 16,39%.

A Receita Previdenciária apresentou arrecadação de R$ 323,522 bilhões no período de janeiro a outubro, com decréscimo real de 9,96%.

O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) teve arrecadação de R$ 18,733 bilhões, queda real de 45,88%. Segundo a Receita, essa queda aconteceu devido à redução da alíquota do imposto a zero para operações de crédito desde 3 de abril de 2020.

Agência Brasil